Um das responsabilidades da cerimônia do Globo de Ouro, de uma certa forma, era definir como seriam (ou não seriam) as premiações durante essa temporada singular assolada pela pandemia. A saída dos produtores –anunciada ainda em meio às indicações e recebida com relutância e pessimismo por muitos –foi realizar uma cerimônia à distância (com as duas apresentadores, Tina Fey e Amy Phoeler, apresentando a premiação de duas cidades diferentes, Los Angeles e Nova York, respectivamente) onde os indicados e, consequentemente, os ganhadores eram vistos no conforto e segurança de suas casas, fazendo seus discursos. Quase como uma live...
Nada de tapete vermelho. Nada de vestidos
glamourosos. Nada de mesas aglomeradas com as equipes de filmes e séries em
confraternização –quando muito, foram mostrados os esparsos apresentadores das
categorias e mesas ocupadas pelas equipes de funcionários anônimos essenciais
ao funcionamento do programa.
Mas, vamos aos premiados:
Melhor Filme - Drama
“Meu Pai”
“Mank”
“Nomadland”
“Bela vingança”
“Os 7 de Chicago”
Melhor filme - Musical ou comédia
“Borat: fita de cinema seguinte”
“Hamilton”
“Palm Springs”
“Music”
“A Festa de Formatura”
Melhor diretor
Emerald Fennell — "Bela Vingança"
David Fincher — "Mank"
Regina King — "Uma noite em Miami..."
Aaron Sorkin — "Os 7 de Chicago"
Chloé Zhao — "Nomadland"
Pouca gente conhecia a diretora Chloé Zhao
quando ela foi anunciada como diretora do ambicioso projeto da Marvel Studios, “Os
Eternos” (a ser lançado no segundo semestre deste ano nos cinemas se a pandemia
permitir...). Entretanto, quando esse projeto vier à público, ela já terá, pelo
menos, a honraria de ter sido a primeira diretora de origem oriental a
conquistar o Globo de Ouro de Melhor Direção; é possível que ela e seu filme, o
aclamado “Nomadland”, o façam no Oscar também!
Melhor atriz de filme - Drama
Viola Davis ("A voz suprema do blues")
Andra Day ("Estados Unidos Vs Billie Holiday")
Vanessa Kirby ("Pieces of a Woman")
Frances McDormand ("Nomadland")
Carey Mulligan ("Bela vingança")
Melhor ator de filme - Drama
Riz Ahmed (“O som do silêncio”)
Chadwick Boseman (“A voz suprema do blues”)
Anthony Hopkins (“Meu pai”)
Gary Oldman (“Mank”)
Tahar Rahim (“The Mauritanian”)
Em meio aos discursos em prol de mais
diversidade –que ganharam contundente força neste Globo de Ouro –o saudoso
Chadwick Boseman conquistou o prêmio póstumo de Melhor Ator (recebido com plena
emoção por sua esposa), tornando-o um fortíssimo candidato a repetir no Oscar
um fenômeno semelhante ao de Heath Ledger em 2009, e o de Peter Finch em 1977.
Entre as atrizes, Andra Day foi uma surpresa
conquistando o prêmio perante colegas mais conhecidas e bem mais cotadas.
Melhor atriz em filme - Musical ou comédia
Maria Bakalova (“Borat: Fita de cinema seguinte”)
Michelle Pfeiffer (“French Exit”)
Anya Taylor-Joy (“Emma”)
Kate Hudson (“Music”)
Rosamund Pike (“I Care a Lot”)
Melhor ator em filme - Musical ou comédia
Sacha Baron Cohen (“Borat: fita de cinema seguinte”)
James Corden (“A Festa de Formatura”)
Lin-Manuel Miranda (“Hamilton”)
Dev Patel (“The Personal History of David Copperfield”)
Andy Samberg (“Palm Springs”)
Melhor ator coadjuvante
Sacha Baron Cohen (“Os sete de Chicago”)
Daniel Kaluuya (“Judas e o messias negro”)
Jared Leto (“Os pequenos vestígios”)
Bill Murray (“On the Rocks”)
Leslie Odom, Jr. (“Uma noite em Miami...”)
Embora um tópico muito ressaltado tenha sido a
ausência de representatividade na Imprensa Estrangeira (praticamente desprovida
de integrantes negros), o que talvez tenha sido responsável pela falta de obras
sobre negros entre os indicados nas categorias principais, o Globo do Ouro
compensou tal lapso reconhecendo, além do já citado Boseman, trabalho de Daniel Kaluuya (de “Corra!”) em
meio aos coadjuvantes.
Melhor atriz coadjuvante
Glenn Close (“Era uma vez um sonho”)
Olivia Colman (“Meu pai”)
Jodie Foster (“The Mauritanian”)
Amanda Seyfried (“Mank”)
Helena Zengel (“News of the World”)
Melhor roteiro
“Bela vingança"
“Mank”
“Os 7 de Chicago"
“Meu pai"
“Nomadland”
Melhor filme em língua estrangeira
“Another Round” ("Druk") - Dinamarca
“La Llorona” - Guatemala / França
"Rosa e Momo (“The Life Ahead” ou "La vita davanti a sé") -
Itália
"Minari - Em Busca da Felicidade" - EUA
"Nós duas" (“Two of Us” ou "Deux") - França e EUA
A categoria de Filme Estrangeiro deixou um
gosto ligeiramente amargo na boca ao premiar justamente o único filme realizado
nos EUA. “Minari” é uma produção americana (inclusive, com elenco reconhecido
do público entre filmes e séries) que só traz o detalhe de ser falado em outra
língua...
Um injustiça para com “Rosa e Momo” que poderia compensar o esquecimento de Sofia Loren na categoria de Melhor Atriz ou para com a excelência digna de prêmios do dinamarquês “Druk”.
Melhor animação
“Os Croods 2: Uma Nova Era”
“Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica”
“A caminho da Lua"
“Soul”
“Wolfwalkers”
Melhor trilha sonora
“O céu da meia-noite” – Alexandre Desplat
“Tenet” – Ludwig Göransson
“News of the World” – James Newton Howard
“Mank” – Trent Reznor, Atticus Ross
“Soul” – Trent Reznor, Atticus Ross, Jon Batiste
Melhor canção original
“Fight for You” de "Judas e o messias negro" – H.E.R., Dernst Emile
II, Tiara Thomas
“Hear My Voice” de “Os 7 de Chicago” – Daniel Pemberton, Celeste
“Io Si (Seen)” de “Rosa e Momo” – Diane Warren, Laura Pausini, Niccolò
Agliardi
“Speak Now” de “Uma noite em Miami...” – Leslie Odom Jr, Sam Ashworth
“Tigress & Tweed” de "Estados Unidos Vs Billie Holiday" – Andra
Day, Raphael Saadiq
Nas categorias de animação e trilha, “Soul”, da
Pixar, segue sua trajetória de favoritismo (mesmo sobre seu irmão de estúdio, “Dois
Irmãos”) que deve, certamente levá-lo ao careca dourado, ironicamente, não tendo
ele sido exibido nos cinemas.
Na verdade, a grande maioria dos indicados e
dos vitoriosos não foram vistos na telona, o que deu à Netflix um número
recorde de prêmios este ano.
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