Estréia na direção do então produtor Frank Marshall, “Aracnofobia” é um filme muito querido para mim pelo fato de ter sido o primeiro filme que aluguei em VHS –o marco zero de minha fase cinéfila como cliente de videolocadoras!
Exceto por isso, talvez, hajam poucas
justificativas para que ele tenha sobrevivido com mais dignidade ao teste do
tempo: Ao longo dos anos, “Aracnofobia” –que, diga-se, traz produção executiva
de Steven Spielberg –se tornou um típico exemplar da ‘sessão da tarde’, com seus
lances aventurescos de orientação genérica se sobrepondo à interessante
proposta inicial em referenciar “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock.
Em algum lugar das matas sulamericanas, uma
equipe –liderada pelo Dr. Atherton, personagem do eclético Julian Sands
–descobre uma espécie de aranha descomunal, dotada de veneno poderoso e
instantâneo. Uma dessas aranhas morde o fotógrafo norte-americano da equipe e,
pegando carona dentro de seu esquife, vai parar na cidadezinha de Canaima, mesmo
lugar para onde se muda o médico, Dr.Jenkins (Jeff Daniels), protagonista do
filme e portador da anomalia do título.
A aranha em questão acasala com um aranha
marrom local e uma proliferação de pequenos filhotes dotados do veneno
fulminante da ‘superaranha’ infesta a cidade, fazendo vítimas entre os
cidadãos.
Como a aparição das aranhas coincide com a
chegada ao lugar do Dr. Jenkins e sua família, os supersticiosos e implicantes
moradores locais passam a crer que ele tenha, de alguma forma, causado aquelas
mortes, até então sem explicação.
Procurar em “Aracnofobia” o mesmo viés de
requinte e alegoria que pulsa brilhantemente da obra de Alfred Hitchcock seria
em vão –ainda que o filme de Marshall lhe faça alusão constante –há, de fato,
incessantes cenas de ataques e quase ataques das aranhas, remetendo ao chamado
‘terror de montanha russa’ tão comum à filmografia de Spielberg.
É seu estilo, por sinal, que se identifica no
trabalho irregular do diretor Marshall, quando por exemplo, as aranhas são
muitas vezes empregadas como personagens em cenas individuais que fazem graça
ao mesmo tempo que fazem certo suspense. Nesse sentido, se há um representante
do humor no filme, esse alguém é o personagem de John Goodman, um alívio cômico
tão assumido que chega a ser maniqueísta, aspecto tolerável graças à
desenvoltura natural de Goodman como ator.
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