Se havia algo de fulgurante em “VelocidadeMáxima” era a química entre o casal Sandra Bullock e Keanu Reeves. O público –que, em parte devido a esse detalhe fez daquele filme um grande sucesso –não teve o gostinho de vê-los juntos novamente na continuação, na qual Keanu foi substituído pelo insosso Jason Patric. Entretanto, houve uma compensação, quase dez anos depois, quando Sandra e Keanu estrelaram o romance “A Casa do Lago”.
Na trama, Keanu é o arquiteto Alex Wyler.
Sandra é a jovem médica Dra. Kate Forster. Numa manobra que aproxima o filme
dirigido por Alejandro Agresti de “Sintonia de Amor” –onde o casal protagonista
quase nunca é visto juntos em cena, mas monopoliza a torcida do público pela
ótima combinação dos dois –a história carregada de elementos fantásticos coloca
os dois apaixonados divididos por um obstáculo intransponível de tempo: Num
intervalo de cerca de dois anos, ambos ocupam a mesma casa à beira de um lago:
Ele, em 2004, é o inquilino. Ela, em 2006, fartou-se de morar no centro de
Chicago e mudou-se para lá.
Todavia, por alguma razão tão mágica quanto
inexplicável, a caixa de correio do lugar envia as cartas através do tempo,
permitindo aos dois trocarem correspondências.
Por meio disso, e da perplexa descoberta da
circunstância fantástica que os une, os dois, Alex e Kate, vão descobrir que
são almas gêmeas e, pouco a pouco, um forte desejo de acharem um meio de se
encontrar vai tomando conta delas –e, bem verdade, da plateia também.
A medida que “A Casa do Lago” avança, alguns
questionamentos se tornam inevitáveis: Aonde, afinal, está o Alex de 2006,
enquanto o seu eu de 2004 troca cartas com Kate?
A resposta a essa pergunta representa, talvez,
uma das maiores modificações deste filme em relação à obra que ele procura
refilmar, o sensível drama romântico sul-coreano “Il Mare”.
Na qualidade de refilmagem norte-americana –de
uma obra que, deveras, não necessitava ser refilmada, visto que é apenas seis
anos mais antiga que este filme –o filme de Alejandro Agresti reprisa com certa
descaramento toda a sólida e eficaz simplicidade narrativa do original,
atrevendo-se apenas a alterar o que o tornava memorável: Justamento o elemento
de irônico fatalismo presente em seu enredo e que só notamos no desfecho
inesperado.
Em prol do convencionalismo predominante no
cinema norte-americano em geral –e nas histórias românticas em particular –“A
Casa do Lago” faz todas as concessões possíveis e com isso abre mão dos fatores
que poderiam fazê-lo antológico.
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