sexta-feira, 12 de março de 2021

A Casa do Lago


 Se havia algo de fulgurante em “VelocidadeMáxima” era a química entre o casal Sandra Bullock e Keanu Reeves. O público –que, em parte devido a esse detalhe fez daquele filme um grande sucesso –não teve o gostinho de vê-los juntos novamente na continuação, na qual Keanu foi substituído pelo insosso Jason Patric. Entretanto, houve uma compensação, quase dez anos depois, quando Sandra e Keanu estrelaram o romance “A Casa do Lago”.

Na trama, Keanu é o arquiteto Alex Wyler. Sandra é a jovem médica Dra. Kate Forster. Numa manobra que aproxima o filme dirigido por Alejandro Agresti de “Sintonia de Amor” –onde o casal protagonista quase nunca é visto juntos em cena, mas monopoliza a torcida do público pela ótima combinação dos dois –a história carregada de elementos fantásticos coloca os dois apaixonados divididos por um obstáculo intransponível de tempo: Num intervalo de cerca de dois anos, ambos ocupam a mesma casa à beira de um lago: Ele, em 2004, é o inquilino. Ela, em 2006, fartou-se de morar no centro de Chicago e mudou-se para lá.

Todavia, por alguma razão tão mágica quanto inexplicável, a caixa de correio do lugar envia as cartas através do tempo, permitindo aos dois trocarem correspondências.

Por meio disso, e da perplexa descoberta da circunstância fantástica que os une, os dois, Alex e Kate, vão descobrir que são almas gêmeas e, pouco a pouco, um forte desejo de acharem um meio de se encontrar vai tomando conta delas –e, bem verdade, da plateia também.

A medida que “A Casa do Lago” avança, alguns questionamentos se tornam inevitáveis: Aonde, afinal, está o Alex de 2006, enquanto o seu eu de 2004 troca cartas com Kate?

A resposta a essa pergunta representa, talvez, uma das maiores modificações deste filme em relação à obra que ele procura refilmar, o sensível drama romântico sul-coreano “Il Mare”.

Na qualidade de refilmagem norte-americana –de uma obra que, deveras, não necessitava ser refilmada, visto que é apenas seis anos mais antiga que este filme –o filme de Alejandro Agresti reprisa com certa descaramento toda a sólida e eficaz simplicidade narrativa do original, atrevendo-se apenas a alterar o que o tornava memorável: Justamento o elemento de irônico fatalismo presente em seu enredo e que só notamos no desfecho inesperado.

Em prol do convencionalismo predominante no cinema norte-americano em geral –e nas histórias românticas em particular –“A Casa do Lago” faz todas as concessões possíveis e com isso abre mão dos fatores que poderiam fazê-lo antológico.

O resultado final é um filme agradável e ao mesmo tempo banal, esquecível justamente por sua convicção em jamais chocar o público, tornado palatável graças à presença de seu radiante casal protagonista que, mesmo dividindo uma quantidade limitadíssima de cenas, consegue fazer facilmente o público adepto de um romance suspirar.

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