As indicações ao Oscar 2021 apontam, acima de tudo, as predisposições atuais da Academia de Artes Cinematográficas, e duas delas se destacam com ênfase: A inclusão e representatividade cada vez mais em voga (refletida nas indicações de “Judas e o Messias Negro” e “Minari” para Melhor Filmes; e de “A Voz Suprema do Blues” em outras categorias) e o advento implacável das obras vindas das plataformas de streaming (que, em função do ano de pandemia, alcançaram números sem precedentes tanto entre os indicados como no número de indicações; sendo o recordista deste ano, “Mank”, de David Fincher, com 10 indicações, oriundo da Netflix).
Eis os indicados:
MELHOR FILME
- Meu Pai
- Judas e o Messias Negro
- Mank
- Minari
- Nomadland
- Bela Vingança
- O Som do Silêncio
- Os 7 de Chicago
MELHOR ATOR
- Riz Ahmed - O Som do Silêncio
- Chadwick Boseman - A Voz Suprema do Blues
- Anthony Hopkins - Meu Pai
- Gary Oldman - Mank
- Steven Yeun – Minari
Tal e qual
Peter Finch (ganhador em 1977), Masimo Troisi (indicado em 1996) e Heath Ledger
(ganhador, como coadjuvante, em 2009), foi a vez do falecido Chadwick Boseman
ganhar uma indicação póstuma de Melhor Ator, e a comoção de sua partida já o
faz favorito ao prêmio, embora seu trabalho seja de fato primordial.
Em outras
circunstâncias haveriam chances reais para o surpreendente desempenho de Riz
Ahmed (possivelmente o mais impactante dos cinco). No caso de “Mank”, seja o
filme como um todo, seja o formidável trabalho de Gary Oldman, a opinião dos
críticos tem se dividido, reduzindo suas chances ao mero reconhecimento
respeitoso da indicação. Há quem diga que Anthony Hopkins ocupa a vaga que
poderia ter sido de Delroy Lindo (por “Destacamento Blood”), agora, espantoso
mesmo é ver Steven Yeun (mais conhecido pela série “The Walking Dead”)
concorrendo ao prêmio.
MELHOR ATRIZ
- Viola Davis - A Voz Suprema do Blues
- Andra Day - The United States vs. Billie Holiday
- Vanessa Kirby - Pieces of a Woman
- Frances McDormand - Nomadland
- Carey Mulligan - Bela Vingança
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
- Maria Bakalova - Borat 2
- Glenn Close - Era uma Vez um Sonho
- Olivia Colman - Meu Pai
- Amanda Seyfried - Mank
- Yuh-Jung Youn – Minari
As duas
categorias de atrizes devem movimentar as casas de apostas: Por hora, na
categoria principal, tudo está bastante concorrido; Viola Davis se tornou,
oficialmente, a atriz negra com mais indicações ao Oscar na história do cinema,
mas são as outras quatro que disputam a tapa a estatueta; Frances McDormand é
forte e tem o respaldo dos críticos (e do Festival de Veneza), no entanto, vem
de uma premiação relativamente recente (em 2018, por “Três Anúncios Para Um
Crime”), aumentando as chances das promissoras e fantásticas Vanessa Kirby e
Carey Mulligan (a primeira é protagonista de uma obra contundente, dramática e
desafiadora, e é dona de minha torcida; a segunda estrela um brilhante conto
moral sobre retaliação e emancipação), no caminho das duas, a pouco conhecida
Audra Day que traz consigo nada menos que o Globo de Ouro de Melhor Atriz.
Entre as
coadjuvantes, chama a atenção a ausência de Jodie Foster, ganhadora do Globo de
Ouro da categoria, fortalecendo as chances de Amanda Seyfried ver seu magnífico
trabalho em “Mank” ser reconhecido, a despeito das surpresas de Glenn Close
(num filme que os críticos não aprovaram com unanimidade) e de Maria Bakalova
(com justiça, a grande surpresa da continuação de “Borat”).
MELHOR ATOR COADJUVANTE
- Sacha Baron Cohen - Os 7 de Chicago
- Daniel Kaluuya - Judas e o Messias Negro
- Leslie Odom Jr. - Uma Noite em Miami
- Paul Raci - O Som do Silêncio
- Lakeith Stanfield - Judas e o Messias Negro
Curiosa a
inclusão de Sacha Baron Cohen e Leslie Odom Jr. entre os coadjuvantes, eles que
são praticamente os protagonistas de seus próprios filmes (Baron Cohen chegou a
ganhar o Globo de Ouro de Melhor Ator).
Apesar de
tudo, parece um caminho tranquilo para Daniel Kaluuya chegar à vitória, ele que
compete com o próprio colega de elenco, Lakeith Stanfield.
MELHOR FOTOGRAFIA
- Judas e o Messias Negro
- Mank
- Relatos do Mundo
- Nomadland
- Os 7 de Chicago
MELHOR FIGURINO
- Emma
- A Voz Suprema do Blues
- Mank
- Mulan
- Pinóquio
MELHOR DIREÇÃO
- Thomas Vinterberg - Another Round
- David Fincher - Mank
- Lee Isaac Chung - Minari
- Chloé Zhao- Nomadland
- Emerald Fennell - Bela Vingança
A Academia
sinaliza novos paradigmas ao indicar, pela primeira vez, duas mulheres ao
prêmio de Melhor Direção, sem falar que uma delas, Chloe Zhao, desponta como
favorita.
Seus mais
fortes competidores ao longo da tempora de prêmios estão lá –David Fincher e
Emerald Fennell –mas a grande (e feliz) surpresa dessa categoria é a inclusão
do dinamarquês Thomas Vinterberg.
MELHOR DOCUMENTÁRIO
- Collective
- Crip Camp
- The Mole Agent
- Professor Polvo
- Time
MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM
- Collete
- A Concerto is a Conversation
- Do Not Split
- Hunger Ward
- A Love Song for Latasha
MELHOR MONTAGEM
- Meu Pai
- Nomadland
- Bela Vingança
- O Som do Silêncio
- Os 7 de Chicago
MELHOR FILME INTERNACIONAL
- Another Round (Dinamarca)
- Better Days (Hong Kong)
- Collective (Romênia)
- The Man Who Sold His Skin (Tunísia)
- Quo Vadis, Aida? (Bósnia)
MELHOR ANIMAÇÃO
- Dois Irmãos
- A Caminho da Lua
- Shaun, o Carneiro, o Filme-A Fazenda Contra-Ataca
- Soul
- Wolfwalkers
Não era
muito difícil prever quais seriam as melhores animações do ano, e não é tão
difícil prever que deve ser a vencedora: Até aqui, há poucas chances do Oscar
negar a vitória ao belo e emocionante “Soul”, da Pixar, apesar dos honoráveis
esforços de “Dois Irmãos” (também ele, da Pixar), de “A Caminho da Lua”, da
Netflix (que apesar do capricho talvez seja o mais burocrático dos cinco) e dos
inteligentes e criativos “Shaun, o Carneiro, o Filme-A Fazenda Contra-Ataca” e “Wolfwalkers”
(surpresa mesmo seria a vitória –merecida –de um desses dois!).
MELHOR CABELO E MAQUIAGEM
- Emma
- Era uma Vez um Sonho
- A Voz Suprema do Blues
- Mank
- Pinóquio
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
- Terence Blanchard - Destacamento Blood
- Trent Reznor e Atticus Ross - Mank
- Emile Mosseri - Minari
- James Newton Howard - Relatos do Mundo
- Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste - Soul
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
- “Fight for You” - Judas e o Messias Negro
- “Hear my Voice” - Os 7 de Chicago
- “Husavik” - Festival Eurovision da Canção: A Saga
de Sigrit e Lars
- “Io Sí” - Rosa e Momo
- “Speak Now” - Uma Noite em Miami
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
- Meu Pai
- A Voz Suprema do Blues
- Mank
- Relatos do Mundo
- Tenet
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
- Burrow
- Genius Loci
- If Anything Happens I Love You
- Opera
- Yes-People
MELHOR CURTA-METRAGEM
- Feeling Through
- The Letter Room
- The Present
- Two Distant Strangers
- White Eye
MELHOR SOM
- Greyound
- Mank
- Relatos do Mundo
- Soul
- O Som do Silêncio
MELHORES EFEITOS VISUAIS
- Amor e Monstros
- O Céu da Meia-Noite
- Mulan
- O Grande Ivan
- Tenet
"Tenet", a polêmica
obra de Christopher Nolan que ousou desafiar em vão a pandemia, surge na categoria
de Efeitos Visuais com uma de suas duas únicas indicações –prova de que o estilo
de Nolan já não seduz, nem público, nem crítica como antigamente.
Foram lembradas
produções inesperadas como o ótimo “Amor e Monstros”, com Dylan O’Brien (minha
aposta!), o pouco acessível “O Céu da Meia-Noite”, de George Clooney, e duas
produções da Disney, o claudicante “Mulan” e o ecológico “O Grande Ivan”.
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
- Borat 2
Meu Pai
Nomadland
Uma Noite em Miami
O Tigre Branco
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
- Judas e o Messias Negro
- Minari
- Bela Vingança
- Som do Silêncio
- Os 7 de Chicago
Os
vencedores serão anunciados na noite de 25 de abril, numa cerimônia a ser
realizada em circunstâncias bastante similares às do último Globo de Ouro: Onde
vários procedimentos diferenciados visam contornar os complicações das normas de
pandemia e afastamento social.
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