Para Wes Craven, o seu “Nightmare In Elm Street” seria um trabalho de autor, uma história com começo, meio e fim. Foi, na realidade, o pequeno estúdio New Line Cinema –o único que aceitou produzir seu roteiro –quem pressionou o diretor para realizar um final que preservasse pontas soltas a ventilar uma continuidade e a sugestão de uma franquia vindoura.
Dessa forma, no ano seguinte, a continuação
(sem a colaboração de Craven) já estava engatilhada, sob o comando de Jack
Sholder (do ótimo “Hidden-O Escondido”), mostrando uma nova família indo morar
na mesma casa do filme original, ambientada na famigerada Rua Elm. O jovem
Jesse termina sendo o novo alvo de Freddy Krueger que alimenta um plano:
Possuir o corpo do garoto para então poder matar na vida real.
No entanto, se na aparência superficial, “A
Hora do Pesadelo 2” preserva as estruturas básicas de um filme de terror, o
roteiro a cargo de David Chankins lhes dá um respaldo curiosamente
diferenciado: Estrelado por Mark Patton como Jesse (jovem ator que ficou
marcado por este papel), a continuação agrega aos expedientes convencionais um
subtexto homoerótico, no qual vemos o protagonista frequentar um bar gay,
sofrer ao ter de transar com a namorada, gritar com voz afeminada e quase ser
estuprado pelo treinador da escola (!). além da questão dele ter seu corpo
‘possuído’ por Freddy ser, aqui, uma circunstância toda ela subentendida.
Nesse sentido, “A Hora do Pesadelo 2” busca uma
reinvenção dos códigos do gênero, onde havia sempre uma mocinha indefesa a
prevalecer ante os horrores como a única sobrevivente; aqui é um mocinho
indefeso...
Esse viés, presente neste trabalho como uma
alusão de efeito alegórico em relação a uma discriminação generalizada
perpetrada em Hollywood na época (o medo da AIDS gerou um processo da homofobia
generalizado na primeira metade dos anos 1980), foi inicialmente refutado pelos
realizadores, temerosos de serem, eles próprios, alvo de discriminação, e
acabou sendo todo creditado à atuação de Mark Patton que, devido ao estigma,
teve de abandonar a carreira.
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