Há tempos Hollywood tinha interesse em revisitar a bem-sucedida série dos anos 1960 “Agente 86” e, se possível, fazer dela um sucesso de público aos olhos de uma nova geração de expectadores.
A oportunidade surgiu quando a estrela do
comediante Steve Carell foi revelada em “O Virgem de 40 Anos” –talentoso, de um
humor afiado e de certa maneira sintonizado com o público atual (timing
garantido por sua presença também numa outra série, “The Office”, versão
americana de um show originalmente inglês), Carell era de fato a escolha
perfeita para interpretar Maxwell Smart, o famoso Agente 86; até mesmo parecido
com Don Adams, o engraçado intérprete original, ele era!
Na trama, Maxwell Smart, um mero analista e
agente júnior do departamento norte-americano de contra-espionagem intitulado
C.O.N.T.R.O.L. tem a chance de sua vida para provar seu valor aos olhos de seu
Chefe (o ótimo Alan Arkin, que esteve ao lado de Carell em “Pequena Miss Sunshine”),
e sair da sombra do superestimado Agente 23 (Dwayne ‘The Rock’ Johnson, num de
seus primeiros personagens cômicos e mais distanciados dos sisudos heróis de
ação): Promovido a agente de campo, quando outros mais experientes se veem
expostos graças aos resultados de uma conspiração, Smart, agora com o codinome
de Agente 86, deve executar uma missão tendo por companheira a também não muito
experiente Agente 99 (Anne Hathaway, uma bela escalação), onde têm de despistar
os perigosos integrantes da C.A.O.S., um sindicato do crime cujo líder,
Siegfried (Terence Stamp), cultiva planos de dominação mundial.
Se a sinopse da produção soava genérica em
relação a qualquer aventura de espionagem que se preza, isso já era sinal de
que o filme dirigido por Peter Segal (de “Ajuste de Contas” e “Tratamento de
Choque”) não fazia o menor esforço em seguir por um caminho diferenciado:
“Agente 86” abraçava todos os reflexos condicionados e peculiaridades do gênero
para, no máximo, tentar lhes atribuir uma sátira que seja original, esquecendo,
contudo, que satirizar a realidade (o panorama sócio-político em foco nas
premissas de espionagem, no caso) não é nem nunca foi sinal de inovação ou
ineditismo. Nota-se certa pretensão em “Agente 86”: Apesar de alguns acertos em
sua realização, salta aos olhos o fato de que esta é, essencialmente, uma obra ‘de
origem’ –nela, os elementos que definem o protagonista e a mitologia que o
cerca vão sendo agregados aos poucos, indicando, portanto, necessidade de uma
continuação –e, mais que isso, o objeto central de todo um planejamento (logo à
reboque de seu lançamento, foi lançado também, direto para homevideo, um spin-off, “Agente
86- Bruce & Loyd Fora de Controle”, protagonizado por dois personagens
coadjuvantes, vividos por Mais Oka e Nate Torrence), o que, dada sua tímida
repercussão, não materializou-se nos planos ambiciosos que o estúdio tinha.
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