Recordar é viver, não é? E hoje em dia, os
filmes dos anos 1980 têm um sabor de nostalgia que, ouso dizer, época alguma é
capaz de igualar.
São clássicos distintos. Há coisas boas e ruins
daquele período, claro, mas a década de 1980 tem uma série de características
(e não apenas no cinema, diga-se) que a fazem única.
Dito isso, vamos à história do filme:
Tess McGill (uma apaixonante e despojada
Melanie Griffith) é uma obstinada moça de classe média norte-americana com
ambições profissionais bem sólidas. Ela consegue emprego como secretária numa
empresa gigantesca, e a chefe de seu departamento (Sigourney Weaver, ardilosa
com seu humor peculiar) mostra-se receptiva, disposta a permitir que cresça
profissionalmente, e até encoraja suas ideias, que vão além do âmbito que sua
posição trabalhista poderia restringir.
Mas, por acaso, Tess descobre que as ideias que
ela compartilha com tanta expectativa com sua chefe, estão sendo usadas por
ela, para benefício próprio.
Assim, a secretária vale-se de uma semana na
qual a chefe se obrigará a fazer uma ausência forçada do trabalho (ela quebrou
a perna andando de esqui...), para de certa forma assumir seu lugar,
passando-se por uma das executivas da empresa, e no processo obtendo a parceria
e admiração (e até algo mais!) de um dos acionistas, Jack Trasker (interpretado
com o charme de sempre por Harrison Ford, ainda que ocasionalmente ele pareça
imprensado entre esses dois vulcões interpretativos).
Porém, como toda a farsa, a de Tess uma hora ou
outra irá colidir com a verdade.
Lançado nos cinemas em 1988, e logo obtendo
sucesso de público e crítica "Uma Secretária de Futuro" garantiu sua
presença entre os indicados ao Oscar daquele período, concorrendo não só a
Melhor Filme, como também à Melhor Atriz (para Melanie Griffith) e Melhor Atriz
Coadjuvante (para Sigourney Weaver).
Melanie era uma escolha curiosa; já não era
assim tão jovem para o papel, mas combinou como uma luva com a personagem: Sua
presença no filme era desigual, e ela interpretava com notável desenvoltura e
experiência, é o primeiro papel de sua carreira que ela encarava aproveitando o
acúmulo de uma certa bagagem profissional e emocional. Prova de que o falecido
diretor Mike Nichols soube usar isso maravilhosamente bem, é que ela nunca
repetiu o mesmo êxito depois.
Sigourney Weaver também estava em estado de
graça: Indicada no mesmo ano por sua performance espetacular em "Nas
Montanhas dos Gorilas" (trabalho que considero um dos mais exemplares do
cinema) ela mostrou, neste filme, todo seu timing cômico ao interpretar a vilã.
Outro que surpreende é Harrison Ford no papel
do galã Jack Trasker: mostra o quanto poderia ter sido interessante se Ford
tivesse investido mais em comédias em sua carreira.
Mas, de um modo geral, e não somente me atendo
às qualidades do elenco (e num filme de Mike Nichols é preciso sempre fazer
ressalvas quando ao elenco!), "Uma Secretária de Futuro" permanece
como uma das mais deliciosas e inteligentes comédias dos anos 1980. Que não
merece ser esquecida.
E como o público de hoje
tem uma facilidade enorme para ir esquecendo os filmes lançados a mais de
quinze anos atrás, fica aqui a minha dica, meu lembrete e minha recomendação.
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