Esta produção de Steven Spielberg chegou como
azarão na cerimônia do Oscar 2005, tão dominada ela estava pelo discurso de
aceitação suscitado pelo elogiadíssimo romance homossexual “O Segredo de
Brokeback Mountain” (que, por sinal, terminou a festa confirmando o preconceito
já que perdeu o prêmio de Melhor Filme para o bem menos cotado “Crash-No
Limite”. Mas, essa é outra história...).
Em “Munique” o quê se vê é a faceta de
Spielberg como cineasta sério, de filmes que foram ganhando textura e
profundidade à medida que ele foi envelhecendo: “A Cor Púrpura”. “Império do
Sol”, “A Lista de Schindler”, “O Resgate do Soldado Ryan”, “Lincoln” e o
recente “Ponte dos Espiões”.
Alías, “Lincoln”, de 2012, trazia uma nova
colaboração com Tony Kushner, mesmo roteirista de “Munique”. Salta aos olhos,
neste trabalho, a necessidade de Spielberg em compreender a lógica que norteia
o panorama político do mundo, e as decisões dos líderes pertinentes à ele.
O diretor deposita toda sua técnica (um primor
em termos de ritmo e posicionamento de câmera) a fim de desnudar as motivações
por trás das cenas que registra.
Ele começa em 1972, no histórico atentado das
Olimpíadas de Munique, onde atletas israelenses são seqüestrados e depois
chacinados num catastrófico ato terrorista palestino. Após relatar este que é
considerado o primeiro ato de terrorismo da Era Moderna, Spielberg coloca em
cena Abner (o ótimo Eric Bana), membro do Mossad, a polícia secreta de Israel,
que recebe de Golda Meir em pessoa (a Primeira-Ministra israelense,
interpretada com brilho por Lynn Cohen), a sigilosa e nunca confirmada missão
de rastrear e eliminar os responsáveis pelo atentado. No percurso dessas
sequências de tirar o fôlego, Spielberg esmiúça seus personagens colocando em
foco suas dúvidas e ideologias, e como alguns deles não conseguem encontrar
convicção ao se verem perpetrando atos tão brutais quando aquele do qual estão
se vingando.
Um grande trabalho de
Spielberg, talvez o menos conhecido de sua magnífica filmografia.
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