domingo, 21 de fevereiro de 2016

Munique

Esta produção de Steven Spielberg chegou como azarão na cerimônia do Oscar 2005, tão dominada ela estava pelo discurso de aceitação suscitado pelo elogiadíssimo romance homossexual “O Segredo de Brokeback Mountain” (que, por sinal, terminou a festa confirmando o preconceito já que perdeu o prêmio de Melhor Filme para o bem menos cotado “Crash-No Limite”. Mas, essa é outra história...).
Em “Munique” o quê se vê é a faceta de Spielberg como cineasta sério, de filmes que foram ganhando textura e profundidade à medida que ele foi envelhecendo: “A Cor Púrpura”. “Império do Sol”, “A Lista de Schindler”, “O Resgate do Soldado Ryan”, “Lincoln” e o recente “Ponte dos Espiões”.
Alías, “Lincoln”, de 2012, trazia uma nova colaboração com Tony Kushner, mesmo roteirista de “Munique”. Salta aos olhos, neste trabalho, a necessidade de Spielberg em compreender a lógica que norteia o panorama político do mundo, e as decisões dos líderes pertinentes à ele.
O diretor deposita toda sua técnica (um primor em termos de ritmo e posicionamento de câmera) a fim de desnudar as motivações por trás das cenas que registra.
Ele começa em 1972, no histórico atentado das Olimpíadas de Munique, onde atletas israelenses são seqüestrados e depois chacinados num catastrófico ato terrorista palestino. Após relatar este que é considerado o primeiro ato de terrorismo da Era Moderna, Spielberg coloca em cena Abner (o ótimo Eric Bana), membro do Mossad, a polícia secreta de Israel, que recebe de Golda Meir em pessoa (a Primeira-Ministra israelense, interpretada com brilho por Lynn Cohen), a sigilosa e nunca confirmada missão de rastrear e eliminar os responsáveis pelo atentado. No percurso dessas sequências de tirar o fôlego, Spielberg esmiúça seus personagens colocando em foco suas dúvidas e ideologias, e como alguns deles não conseguem encontrar convicção ao se verem perpetrando atos tão brutais quando aquele do qual estão se vingando.
Um grande trabalho de Spielberg, talvez o menos conhecido de sua magnífica filmografia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário