Vampiros nunca saíram e jamais sairão de moda.
Seu apelo junto à cultura pop é tão sedutor que não conseguem ser arruinados
nem por repaginações de gosto duvidoso como a série “Crepúsculo”. Nos anos
1980, as mais famosas contribuições aos chupadores de sangue no cinema
provavelmente foram “A Hora do Espanto” e este “Fome de Viver”.
Catherine Deneuve é Miriam Blaylock uma vampira
que singra as ruas de Nova York em busca de sangue. Não apenas sangue, ela
precisa também de uma espécie de companheiro, junto do qual o peso dos séculos
que transcorrem se torna suportável. Esse companheiro até outro dia era David
Bowie, ou melhor, John. Mas a juventude que até então se achava estampada em
seu rosto –preservada noite após noite com o sangue de suas vítimas –começa a
desvanecer: Todos os anos vividos parecem de repente querer cobrar seu preço,
fazendo-o envelhecer subitamente.
Com medo, ele procura por uma médica
especializada em uma doença degenerativa (Suzan Sarandon) e tudo o que consegue
é torná-la sucessora de seu lugar ao lado de Miriam, como amante.
O tratamento que o diretor Tony Scott dá ao
gênero e à figura do vampiro em si transborda elegância neste filme muitas
vezes frio, mas paradoxalmente carregado de voltagem erótica, não à toa, uma de
suas cenas mais lembradas é o interlúdio sexual de Suzan Sarandon e Catherine
Deneuve.
Responsáveis por essa atmosfera desigual,
carregada de inusitada natureza, são as escolhas que o falecido diretor Scott
(à época, estreando no cinema) fez -todas inesperadas para um estreante: O
elenco de presenças incomuns como Deneuve e Bowie. O tratamento formal, com
estilizado uso de luz. E a trilha sonora onde se destaca a cena inicial ao som
de Bela Lugosi's Death.
Com Bowie presente não dava
mesmo para errar nesse quesito.
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