domingo, 31 de julho de 2016

Taxi Driver

   É preciso louvar o pessoal que estava à frente daquele movimento chamado Nova Hollywood. Embora “Taxi Driver” não tivesse sido realizado e lançado naqueles primeiros anos, era óbvio que o grande Martin Scorsese, com seu brilhantismo autoral e inquieto, reunia todos os predicados que eram almejados por aquela galera.
   Vindo de uma espetacular estréia, também ela protagonizada por Robert De Niro, no pulsante “Caminhos Perigosos”, e de experimentações na área do drama contemporâneo, como “Alice Não Mora Mais Aqui”, Scorsese debruçou-se sobre o roteiro afiadamente reflexivo de Paul Schrader, acrescentando à visão niilista e despojada do colega um tratamento audaz e poderoso que não tolerava nada menos que a liberdade total de seus realizadores: Uma definição através da qual o próprio cinema independente norte-americano pode aflorar.
   Travis Birkle (De Niro, fenomenal) é um veterano do Vietnam. Carregando uma série de neuroses herdadas da guerra, ele arruma emprego de taxista noturno nas ruas escuras de Nova York, a fim de contornar sua incapacidade de dormir. Mas os seus problemas de convívio vão se acentuando cada vez mais, ressaltados na relação conflituosa com uma bela auxiliar de campanha política (Cybill Shepard) e na sua curiosidade pela vida sofrida de uma garota de programa menor de idade (uma bem jovem Jodie Foster, já notável).
   Concebido por um autor de tantas obras brilhantes como Scorsese, “Taxi Driver” consegue se destacar em meio à sua exuberante filmografia, como um dos mais hábeis, contundentes e fascinantes retratos já feitos sobre a violenta vida noturna de Nova York e, num nível mais íntimo, sobre a dilaceração psicológica de uma mente torturada, que se espatifa num surto psicopata, culminando assim no primoroso banho de sangue registrado em sua cena final.

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