É preciso louvar o pessoal que estava à frente
daquele movimento chamado Nova Hollywood. Embora “Taxi Driver” não tivesse sido
realizado e lançado naqueles primeiros anos, era óbvio que o grande Martin
Scorsese, com seu brilhantismo autoral e inquieto, reunia todos os predicados
que eram almejados por aquela galera.
Vindo de uma espetacular estréia, também ela
protagonizada por Robert De Niro, no pulsante “Caminhos Perigosos”, e de
experimentações na área do drama contemporâneo, como “Alice Não Mora Mais Aqui”,
Scorsese debruçou-se sobre o roteiro afiadamente reflexivo de Paul Schrader,
acrescentando à visão niilista e despojada do colega um tratamento audaz e
poderoso que não tolerava nada menos que a liberdade total de seus
realizadores: Uma definição através da qual o próprio cinema independente
norte-americano pode aflorar.
Travis Birkle (De Niro, fenomenal) é um
veterano do Vietnam. Carregando uma série de neuroses herdadas da guerra, ele
arruma emprego de taxista noturno nas ruas escuras de Nova York, a fim de contornar
sua incapacidade de dormir. Mas os seus problemas de convívio vão se acentuando
cada vez mais, ressaltados na relação conflituosa com uma bela auxiliar de
campanha política (Cybill Shepard) e na sua curiosidade pela vida sofrida de
uma garota de programa menor de idade (uma bem jovem Jodie Foster, já notável).
Concebido por um autor de tantas obras
brilhantes como Scorsese, “Taxi Driver” consegue se destacar em meio à sua
exuberante filmografia, como um dos mais hábeis, contundentes e fascinantes
retratos já feitos sobre a violenta vida noturna de Nova York e, num nível mais
íntimo, sobre a dilaceração psicológica de uma mente torturada, que se espatifa
num surto psicopata, culminando assim no primoroso banho de sangue registrado
em sua cena final.
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