Embora refilmado de uma obra de Claude Chabrol,
“La Femme Infidéle”, este trabalho carrega todos os elementos característicos
da filmografia de Adrian Lyne: Lá está o matrimônio colocado em xeque pelas
peculiaridades da vida moderna que normalmente levam à tentação, à dúvida e,
por conseguinte, à traição; lá está também o registro a um só tempo bucólico e
refinado da classe média, executado por meio de um olhar de imagens de
inapelável requinte (fruto da formação publicitária do diretor) e que, por
vezes, ameaçam tornar sua história subserviente à elas.
Num dia bucólico, Connie (Diane Lane numa
composição madura, sensual e exalando charme), moradora de East Valley, casada
e mãe de um garotinho, passeia pelo bairro Soho, no centro de Nova York, em
meio a uma ventania e, por acaso é convidada por um rapaz francês (Olivier
Martinez, talvez um dos pontos fracos do filme) a entrar em seu apartamento.
Inicia assim com ele um caso extraconjugal que, ao ser descoberto por seu
marido (Richard Gere, surpreendendo numa composição meticulosa e cheia de
serenidade) conduz suas vidas a proporções trágicas.
Especialista em filmes com a temática do
adultério, Adrian Lyne compreende os detalhes e circunstâncias que dão o
impulso moral, emocional e narrativo de sua trama (e eles são todos empregados
com o magnífico estilo através do qual ele moldou o tenso e impactante
"Atração Fatal" e o sensacionalista "Proposta Indecente"),
mas que aqui encontra irônico distúrbio no seu ritmo lento que predomina no
trecho final, apesar da excelência de suas imagens e, sobretudo, da brilhante interpretação
do casal central.
Um grande filme, ainda assim.
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