quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Contos Proibidos do Marquês de Sade

A trajetória do diretor Phillip Kaufman é irregular, em grande parte porque ele atua como produtor e roteirista, deixando imensos intervalos de tempo entre seus trabalhos.
E quando alguns deles –como o policial “Sol Nascente”, com Sean Connery –não chamam muita atenção, a tendência do público esquecer seu nome se reforça ainda mais.
Talvez, por isso não tenha havido muita celeuma quando, no ano 2000, este trabalho do mesmo diretor do erótico e magnífico “A Insustentável Leveza do Ser” foi lançado, mesmo que abordasse um tema –os últimos e tumultuados dias do famigerado Marquês de Sade (não uma biografia, vejam bem) –que tinha muito potencial para trazer a mesma receita de requinte, erotismo e insuspeito valor cinematográfico de sua excepcional adaptação do livro de Milan Kundera.
Entretanto, o público, como bem se sabe, tem memória curta.
Século XVIII. Trancafiado num sanatório da França, o tão célebre quanto libidinoso Marquês de Sade (Geoffrey Rush, ainda na ressaca por seu Oscar de Melhor Ator por “Shine-Brilhante”, em 1996) não se encontra, de forma alguma, sob controle. Seus contos imorais ganham facilmente a liberdade das ruas, e mesmo dentro das dependências do lugar, sua presença chega a alterar alguns personagens, como o jovem e racional padre (Joaquim Phoenix) que volta e meia se vê dividido entre a fé e o desejo pela bela camareira do sanatório (Kate Winslet, jovem, linda e ainda na ressaca pelo sucesso avassalador de “Titanic”), esta por sua vez, cai ocasionalmente nos gracejos do Marquês.
As coisas tornam-se tensas quando entra em cena um novo diretor (Michael Caine, realmente ameaçador) designado para por ordem no lugar usando métodos brutais e opressores.
Longe de igualar o brilhantismo de “Insustentável Leveza...”, Kaufman fez um filme elegante e requintado cuja vulcânica interpretação de Geoffrey Rush, como Marquês de Sade, é muito bem escorada pelo competente elenco, sobretudo, Kate Winslet e o grande Michel Caine.

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