A trajetória do diretor Phillip Kaufman é
irregular, em grande parte porque ele atua como produtor e roteirista, deixando
imensos intervalos de tempo entre seus trabalhos.
E quando alguns deles –como o policial “Sol
Nascente”, com Sean Connery –não chamam muita atenção, a tendência do público
esquecer seu nome se reforça ainda mais.
Talvez, por isso não tenha havido muita celeuma
quando, no ano 2000, este trabalho do mesmo diretor do erótico e magnífico “A Insustentável
Leveza do Ser” foi lançado, mesmo que abordasse um tema –os últimos e
tumultuados dias do famigerado Marquês de Sade (não uma biografia, vejam bem)
–que tinha muito potencial para trazer a mesma receita de requinte, erotismo e
insuspeito valor cinematográfico de sua excepcional adaptação do livro de Milan
Kundera.
Entretanto, o público, como bem se sabe, tem
memória curta.
Século XVIII. Trancafiado num sanatório da
França, o tão célebre quanto libidinoso Marquês de Sade (Geoffrey Rush, ainda
na ressaca por seu Oscar de Melhor Ator por “Shine-Brilhante”, em 1996) não se
encontra, de forma alguma, sob controle. Seus contos imorais ganham facilmente
a liberdade das ruas, e mesmo dentro das dependências do lugar, sua presença
chega a alterar alguns personagens, como o jovem e racional padre (Joaquim
Phoenix) que volta e meia se vê dividido entre a fé e o desejo pela bela
camareira do sanatório (Kate Winslet, jovem, linda e ainda na ressaca pelo sucesso
avassalador de “Titanic”), esta por sua vez, cai ocasionalmente nos gracejos do
Marquês.
As coisas tornam-se tensas quando entra em cena
um novo diretor (Michael Caine, realmente ameaçador) designado para por ordem
no lugar usando métodos brutais e opressores.
Longe de igualar o
brilhantismo de “Insustentável Leveza...”, Kaufman fez um filme elegante e
requintado cuja vulcânica interpretação de Geoffrey Rush, como Marquês de Sade,
é muito bem escorada pelo competente elenco, sobretudo, Kate Winslet e o grande
Michel Caine.
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