sábado, 11 de março de 2017

Dois Caras Legais

O roteirista e diretor Shane Black (de “Beijos e Tiros” e “Homem de Ferro 3”) é fascinado por tramas rocambolescas, nada mais natural que investir num filme com ares detetivescos. E se ele vem acrescido de uma ambientação estilosa e sedutora como os anos 1970, tanto melhor.
Dito isso, há muitos elementos irresistíveis em “Dois Caras Legais”, a começar pela ótima dupla de protagonistas, os detetives particulares de diferentes índoles interpretados por Ryan Gosling (hilário) e Russel Crowe (ótimo como sempre). O primeiro tem lá seus princípios, mas eles batem de frente com o fato de que, no ramo competitivo em que está, sua má sorte pode, e deve, levá-lo à praticar atitudes questionáveis. O segundo, em sua truculência, está mais para leão-de-chácara do que para investigador, e isso se reflete na natureza dos casos que constantemente recebe.
Quando o personagem de Gosling é contratado para achar o misterioso paradeiro de uma garota chamada Amélia, e o de Crowe é incumbido de descobrir o quê se passou com uma atriz pornô conhecida como Misty Mountain, a trajetória dos dois colide e, aos trancos e barrancos, eles percebem que têm de se unir para elucidar um mistério que poderá esclarecer ambos os casos.
Curioso lembrar que Shane Black foi também o criador do conceito da série “Máquina Mortífera”, e realmente a exploração da dicotomia entre parcerias disfuncionais é uma constante em seus filmes, tão mais prazerosa quando se tem dois atores fantásticos como Golsing e Crowe. O filme de Black, no entanto, reserva outras maravilhas ao público: Por exemplo, a aparição de Kim Basinger, que se reencontra em cena, com Crowe, vinte anos depois de  terem protagonizado o primoroso “Los Angeles-Cidade Proibida” (uma homenagem, talvez?). E o quê dizer da jovem Angourine Rice, no papel da filha adolescente de Gosling, e que rouba praticamente todas as cenas em que aparece?
Compartilhando a ambientação e certa similaridade conceitual com um filme lançado em 2015, o bem mais autoral e denso “Vício Inerente”, de Paul Thomas Anderson, este divertido, acelerado e inquieto “Dois Caras Legais” se sobressai em meios às obras comerciais como a pequena gema que é.

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