sexta-feira, 21 de abril de 2017

Rendez - Vous

O diretor André Téchiné parece herdar algo da loucura encapsulada de Andrzej Zulawski –ou talvez esteja apenas assimilando um estado de espírito transgressor dos autores do período –neste trabalho jovem, pessoal que flerta com o experimentalismo ao mesmo tempo em que joga com princípios básicos do cinema comercial convencional, uma mescla que, se paramos para analisar, era até bastante convulsiva no jovem cinema francês dos anos 1980.
Ele joga com o fascínio despertado por Juliette Binoche (e a capacidade inata dela em cativar) dando-lhe um personagem que usa e abusa da disposição do público em perdoar seus deslizes.
Essa personagem se chama Nina e, ao longo do filme, ela irá oscilar afetivamente entre dois diferentes amigos (Lambert Wilson e Wadeck Stanczak), inclinada quase sempre ao mais cafajeste, e evitando uma relação séria com o mais sincero e bem intencionado.
Ela também luta por um lugar ao sol no competitivo mundo artístico no qual sonha prevalecer, mas como todos os personagens, ela termina mergulhando na própria amargura.
O diretor Téchiné parece se contentar em acompanhar essas trajetórias miseráveis, ressaltando o drama por meio dos olhos tristes de Juliette –este é um de seus primeiros trabalhos –por meio da perplexidade de Wilson, e da impressão de desamparo de Stanczak. Ambientado nos subúrbios, em apartamentos quase sempre vazios ou mal decorados, o filme parece herdar alguns reflexos condicionados da Nouvelle Vague, mas tem a intenção de ir além na investigação que estabelece entre os diferentes vínculos sexuais e artísticos, e na intrigante dúvida acerca do que tais vínculos representam.
Viver intensamente pode significar, no final das contas, morrer também intensamente.

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