sexta-feira, 21 de abril de 2017

Contato

“Vocês humanos são uma espécie interessante, uma mistura incomum; são capazes de sonhos tão lindos e de pesadelos tão horríveis.”
A cena que abre “Contato” já é arrebatadora: A câmera sai do planeta Terra enquanto podemos ouvir música e, logo mais, transmissões radiofônicas envolvendo fatos do século XX. A medida que essas transmissões se convertem em ruídos (e, por fim, em silêncio), vamos deixando para trás todo o Sistema Solar, depois toda a Via Lactea e finalmente o Universo, para então a câmera sair de dentro da pupila de Jena Malone que interpreta, na infância, a personagem que será de Jodie Foster durante todo o restante do filme.
Ela é Ellie Arroway, cujo fascínio pelas estrelas –e pela possibilidade de vida inteligente em meio a elas –a levou a tornar-se astrônoma na vida adulta. Em prol dessa ideologia, Ellie sacrificou até mesmo sua ambição profissional, que ela sempre disputou com o prepotente David Drumlin (Tom Skerrit): Ela não apenas negligencia seu romance com o teólogo Palmer Ross (Matthew McConaughey), que depois de torna conselheiro espiritual na Casabranca, como termina monitorando sons captados no espaço em uma base de gigantescas antenas no México.
Tudo muda, contudo, na noite em que ela capta sinais de vida inteligente vindos de algum lugar da estrela Veja –são informações numéricas, cifradas e que, mais tarde, revelarão também como construir uma nave a ser ocupada por um único ser humano.
A situação levanta questionamentos de ordem mundial e, sobretudo, cria uma disputa para se encontrar a pessoa ideal a representar a Humanidade, e entre seus candidatos estão Ellie e Drumlin.
Adaptado de um livro escrito pelo falecido e renomado astrônomo Carl Sagan (o célebre apresentador da série “Cosmos”), este filme realizado com extremo cuidado e precisão por Robert Zemeckis (empregando aqui, com ainda mais propriedade, todos os méritos técnicos e artísticos que o levaram a ganhar o Oscar por “Forrest Gump”) traz a mesma visão imbuída de humanismo, poesia e fascínio sobre a Humanidade e o Universo que Sagan discorreu, em ensaios, livros e em sua série, ao longo de toda a vida.
Os poucos detratores que esta obra magnífica pode encontrar poderiam argumentar que sua última meia hora é pontuada por argumentos mais abstratos do que cartesianos, mas o otimismo, a esperança e a fé no futuro (e em nós mesmos) têm por definição a imprecisão de crer no que ainda está por vir, e é difícil conter e emoção quando uma mensagem assim tão poderosa é entregue por meio de uma interpretação tão emocionante e emocionada como a de Jodie Foster.
Um filme para ver e rever sempre.

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