“Vocês humanos são uma espécie interessante,
uma mistura incomum; são capazes de sonhos tão lindos e de pesadelos tão
horríveis.”
A cena que abre “Contato” já é arrebatadora: A
câmera sai do planeta Terra enquanto podemos ouvir música e, logo mais,
transmissões radiofônicas envolvendo fatos do século XX. A medida que essas
transmissões se convertem em ruídos (e, por fim, em silêncio), vamos deixando para
trás todo o Sistema Solar, depois toda a Via Lactea e finalmente o Universo,
para então a câmera sair de dentro da pupila de Jena Malone que interpreta, na
infância, a personagem que será de Jodie Foster durante todo o restante do
filme.
Ela é Ellie Arroway, cujo fascínio pelas
estrelas –e pela possibilidade de vida inteligente em meio a elas –a levou a
tornar-se astrônoma na vida adulta. Em prol dessa ideologia, Ellie sacrificou
até mesmo sua ambição profissional, que ela sempre disputou com o prepotente David
Drumlin (Tom Skerrit): Ela não apenas negligencia seu romance com o teólogo Palmer
Ross (Matthew McConaughey), que depois de torna conselheiro espiritual na
Casabranca, como termina monitorando sons captados no espaço em uma base de
gigantescas antenas no México.
Tudo muda, contudo, na noite em que ela capta
sinais de vida inteligente vindos de algum lugar da estrela Veja –são informações
numéricas, cifradas e que, mais tarde, revelarão também como construir uma nave
a ser ocupada por um único ser humano.
A situação levanta questionamentos de ordem
mundial e, sobretudo, cria uma disputa para se encontrar a pessoa ideal a
representar a Humanidade, e entre seus candidatos estão Ellie e Drumlin.
Adaptado de um livro escrito pelo falecido e
renomado astrônomo Carl Sagan (o célebre apresentador da série “Cosmos”), este
filme realizado com extremo cuidado e precisão por Robert Zemeckis (empregando
aqui, com ainda mais propriedade, todos os méritos técnicos e artísticos que o
levaram a ganhar o Oscar por “Forrest Gump”) traz a mesma visão imbuída de
humanismo, poesia e fascínio sobre a Humanidade e o Universo que Sagan
discorreu, em ensaios, livros e em sua série, ao longo de toda a vida.
Os poucos detratores que esta obra magnífica
pode encontrar poderiam argumentar que sua última meia hora é pontuada por
argumentos mais abstratos do que cartesianos, mas o otimismo, a esperança e a
fé no futuro (e em nós mesmos) têm por definição a imprecisão de crer no que
ainda está por vir, e é difícil conter e emoção quando uma mensagem assim tão
poderosa é entregue por meio de uma interpretação tão emocionante e emocionada
como a de Jodie Foster.
Um filme para ver e rever
sempre.
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