segunda-feira, 22 de maio de 2017

A Máscara do Zorro

Vez outra surge um filme tão extraordinariamente genuíno, tão confiante e confortável com suas próprias características que arrebata público e crítica a ponto de quase ressuscitar um gênero que antes era dado como morto pelos estúdios.
Pode-se dizer que foi assim com “Gladiador”, em relação aos épicos romanos; com “Piratas do Caribe” em relação aos filmes de piratas (embora nenhum exemplar expressivo tenha surgido depois deles). E foi assim, também, com “A Máscara do Zorro”.
Uma prova inconteste da habilidade que o diretor inglês Martin Campbell possui para remodelar em seus elementos clássicos os heróis do passado (havia sido realizada por ele a bem-sucedida estréia de Pierce Brosnan como James Bond em “007 Contra Goldeneye”, e o início da reformulação do mesmo personagem, com Daniel Craig, uma década depois, em “Cassino Royale”), esta aventura capa-espada beneficiava-se acima de tudo de um trio protagonista prodigioso e suas mais fundamentais e bem aproveitadas qualidades: Anthony Hopkins –surpreendente numa inesperada escalação como o próprio Zorro –, Antonio Banderas –vivendo uma espécie de “segunda geração” do herói, e revelando-se, também ele, uma escolha perfeita –e a galesa Catherine Zeta-Jones, no filme que a revelou para o cinema hollywoodiano.
Dom Diego de La Vega, identidade secreta do herói mascarado Zorro, já em fim de carreira tem o seu segredo descoberto por seu pior inimigo, o opressor Don Rafael Montero, que o prende e lhe toma Helena, sua filhinha recém-nascida.
Os anos se passam na ainda oprimida província da Califórnia do século XVII, quando um já envelhecido Dom Diego (Anthony Hopkins, charmoso e altivo ao personificar duas facetas distintas do mesmo personagem) escapa e passa a treinar como seu sucessor o impetuoso e indisciplinado ladrão Allejandro Murietta (Antonio Banderas, tão interessante em seu papel quanto Hopkins). Seu objetivo é vingar-se de Rafael, agora um nobre fidalgo, e recuperar sua filha Helena, agora uma belíssima mulher que se enamora justamente de seu pupilo (vivida pela linda e fulgurante Catherine Zeta-Jones).
A solução para todos os desenlaces e conflitos, por vezes repousa no retorno mais do que necessário do lendário Zorro.
Das mais saborosas versões do herói já produzidas e repleta de cenas divertidíssimas de ação, esta eufórica e empolgante produção, se desliza em algum quesito certamente é em seus vilões. Seja Rafael (Stuart Wilson), seja o almofadinha detestável, capitão Harrison Love (Matt Letscher), nenhum deles consegue igualar a dupla central em carisma e presença de cena.
Mas, é certamente uma falha menor diante de um filme capaz de proporcionar um prazer tão genuinamente escapista ao expectador.

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