terça-feira, 20 de junho de 2017

Rush - No Limite da Emoção

Os anos 1970 foram, de fato, um outro tempo: O nível de periculosidade a que se expunham os pilotos de Fórmula I e seus carros de condições precárias era algo absurdo e inconcebível para os dias de hoje –em contraponto, era também de se admirar o quão intrépidos, audazes e não raro, loucos pelo perigo eram os pilotos daqueles tempos.
É por meio desse prisma –o do espanto provocado pela comparação entre a comodidade de hoje e a audácia de ontem –que se sustenta muito do charme da narrativa que Ron Howard emprega em “Rush-No Limite da Emoção”.
Tão vibrante e tecnicamente fabuloso quanto “Apollo 13”, tão pertinente e dramaticamente relevante quanto “Uma Mente Brilhante” e tão dotado de senso de espetáculo e de esmero artístico quanto “Coccon”, “Um Sonho Distante” ou “O Código Da Vinci”, esta recriação astuta, eletrizante e inspirada do Grande Prêmio de Fórmula I de 1976 é, provavelmente, o melhor trabalho do diretor Ron Howard, em meio à uma carreira prolífica e diversa.
Naquele ano, todas as atenções encontravam-se voltadas para a rivalidade entre dois pilotos; o galanteador, mulherengo e playboy James Hunt (Chris Hemsworth) –visto desde sempre como uma forte promessa nas pistas –e o pouco social, metódico e arredio Nikki Lauda (Daniel Bruhl) –campeão de outras temporadas que apesar da fama de antipático, revelou-se um brilhante piloto e preparador de carros.
Determinados, um a superar o outro, esses dois pilotos de personalidades tão opostas quanto seus estilos de corrida, irão disputar ponto a ponto a liderança do campeonato, num duelo que encontrou para a história da Fórmula I –e com lances narrativos rigorosamente extraídos da realidade, porém tão inacreditáveis, tão carregados de reviravoltas dramáticas e de dramaticidade plena (incluindo o espetacular acidente sofrido por Nikki Lauda durante uma das corridas, onde teve noventa por cento do corpo queimado) que chega a ser espantoso não só o fato de tudo ter sido verdade, como também o de Hollywood ter demorado tanto tempo para transformar tudo em um filme.
Além dessa recriação sensacional de um dos mais espetaculares momentos do automobilismo, este filme, dirigido com perfeição por Ron Howard, tem ainda o mérito inequívoco de revelar grandes talentos em Daniel Bruhl e Chris Hemsworth (numa composição competente indo muito além da perfeita caracterização do super-herói “Thor”).

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