quinta-feira, 29 de junho de 2017

Selvagens

Entre seus trabalhos voltados para uma abordagem algo pessoal de fatos históricos (que, conforme ele envelhece, foram adquirindo cada vez mais intervalos de tempo entre si), o diretor Oliver Stone costuma encaixar um ou outro filme menor, mais despretensioso, no qual ele se encarrega somente de testar sua desenvoltura para relatos ficcionais –sem nunca esquecer sua asséptica tendência para o sensacionalismo.
Grandes amigos, Ben (Aaron Taylor-Johnson) e Chon (Taylor Kistch) não só dividem a mesma mulher, a esfuziante O (Blake Lively, num papel que quase foi de Jennifer Lawrence), como também o mesmo negócio como pequenos traficantes de drogas na Costa Oeste dos EUA. Mas sua prosperidade, bem como a qualidade de seu produto, chama a atenção do Cartel de Baja, cujos bandidões (retratados, sobretudo, na figura curiosa, paradoxalmente ameaçadora e doméstica da personagem de Salma Hayek) sequestram O para coagir os dois a tornarem-se seus empregados.
Eles elaboram um plano explosivo para reavê-la, que envolve o corrupto agente do FBI vivido por John Travolta e o pernicioso capanga interpretado por Benicio Del Toro.
Despido de suas ideologias políticas discursivas, mas não de seu estilo áspero e ácido para contar uma trama de crime e ação repleta de excessos, Stone arquiteta este relato quase banal –ainda que não destituído de seu costumeiro impacto e choque –onde, como sempre, ele se esbalda na exposição contínua da imoralidade de seus personagens.
Tão mais pecaminosos eles são (e nesse sentido, os personagens de Travolta e Hayek são exemplares), mais paradoxalmente indulgente e sádico é o castigo que Stone para eles elabora.
Pode divertir o espectador que não se incomodar com esses exageros.

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