Fascinado pelos clássicos da Disney, o mestre
Hayao Miyazaki concebeu “Ponyo” como uma referência à “A Pequena Sereia”. Como
naquela animação, aqui há uma protagonista que anseia deixar o mar para viver
em terra firme, contudo, Miyazaki pontua esse desejo com um apanhado notável de
justificativas existenciais e ainda lhe dá, como empuxo, a beleza da amizade.
A história gira em torno da pequena peixinha
Ponyo que resolve se aventurar no mar em um momento de distração de seu pai,
uma espécie de manipulador das águas.
Na superfície, ela se afeiçoa ao garotinho
Sosuke, com quem logo estabelece um belo vínculo e junto do qual começa a
descobrir as maravilhas banais de se viver, como saborear um presunto ou
brincar com um amigo. Essas experiências gradativamente convertem Ponyo, de uma
mera peixinha genérica como muitos de seus diversos irmãos em uma menininha
humana –ainda que Miyazaki quase sempre a registre num ponto intermediário
entre essas duas condições.
Tendo a oportunidade de ficar na casa de
Sosuke, junto dele e de sua mãe, Ponyo logo passa a almejar tornar-se uma
menininha em definitivo para poder ficar com ele. No entanto, na busca por
realizar esse desejo, Ponyo acaba liberando um enorme poder, alterando o
equilíbrio natural de terra e mar, e precipitando sobre as áreas do litoral um
colossal vagalhão de água –mostrado, nas imagens esplêndidas de Miyazaki com
uma beleza sem igual.
Assim como fez nos sensacionais "A Viagem
de Chihiro" e "O Castelo Animado", o genial Miyazaki conta uma
história mágica num filme singular, todo ele ambientado num universo de regras
muito particulares.
Dentre suas obras é a que mais se aproxima da
pureza que ele tão bem soube capturar no genial “Meu Amigo Totoro”.
O resultado, como sempre, é
de uma perfeição tocante.
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