quarta-feira, 26 de julho de 2017

Ponyo - Uma Amizade Que Veio do Mar

Fascinado pelos clássicos da Disney, o mestre Hayao Miyazaki concebeu “Ponyo” como uma referência à “A Pequena Sereia”. Como naquela animação, aqui há uma protagonista que anseia deixar o mar para viver em terra firme, contudo, Miyazaki pontua esse desejo com um apanhado notável de justificativas existenciais e ainda lhe dá, como empuxo, a beleza da amizade.
A história gira em torno da pequena peixinha Ponyo que resolve se aventurar no mar em um momento de distração de seu pai, uma espécie de manipulador das águas.
Na superfície, ela se afeiçoa ao garotinho Sosuke, com quem logo estabelece um belo vínculo e junto do qual começa a descobrir as maravilhas banais de se viver, como saborear um presunto ou brincar com um amigo. Essas experiências gradativamente convertem Ponyo, de uma mera peixinha genérica como muitos de seus diversos irmãos em uma menininha humana –ainda que Miyazaki quase sempre a registre num ponto intermediário entre essas duas condições.
Tendo a oportunidade de ficar na casa de Sosuke, junto dele e de sua mãe, Ponyo logo passa a almejar tornar-se uma menininha em definitivo para poder ficar com ele. No entanto, na busca por realizar esse desejo, Ponyo acaba liberando um enorme poder, alterando o equilíbrio natural de terra e mar, e precipitando sobre as áreas do litoral um colossal vagalhão de água –mostrado, nas imagens esplêndidas de Miyazaki com uma beleza sem igual.
Assim como fez nos sensacionais "A Viagem de Chihiro" e "O Castelo Animado", o genial Miyazaki conta uma história mágica num filme singular, todo ele ambientado num universo de regras muito particulares.
Dentre suas obras é a que mais se aproxima da pureza que ele tão bem soube capturar no genial “Meu Amigo Totoro”.
O resultado, como sempre, é de uma perfeição tocante.

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