quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Planeta dos Macacos - A Origem

O clássico “Planeta dos Macacos” estrelado por Charlton Heston e lançado no ano de1968 (um ano antes, portanto, de Kubrick chacoalhar o cinema e o gênero de ficção científica com seu “2001-Uma OdisséiaNo Espaço”), já estava distante o bastante para que Hollywood tivesse ambiciosos lampejos de reinvenção.
É notória a tentativa de recomeçar tudo de novo, em 2001 (ironias...), com uma nova versão da mesma trama com Charlton Heston, desta vez estrelada por Mark Whalberg, e dirigida por Tim Burton, entretanto, exceto pelo capricho na maquiagem, a nova produção era, em tudo e por tudo, inferior ao marcante filme dos anos 1960.
Uma década depois, Hollywood (mais especificamente, os estúdios da Fox) continuaram tentando, agora, com a idéia de uma reinvenção de fato. E mais: Com mérito genuíno.
Se o clássico tinha algo de francamente inovador, à época, na maquiagem símia criada para seus atores incorporar macacos desenvolvidos, então, supôs o perspicaz diretor Rupert Wyatt, era necessário que o legado de “Planeta dos Macacos” fosse respeitado seguindo essa busca por inovação –“A Origem”, esse novo filme, agora possuía, não atores primorosamente maquiados, mas todo um elenco convertido em macacos virtualmente reais, graças à tecnologia de captura de performance, apresentada por Peter Jackson em “O Senhor dos Anéis”, nas cenas que envolviam o personagem digital Gollum, e por James Cameron no revolucionário “Avatar” e aqui, por sua vez, elevada à um novo nível.
A trama também não cometia do erro do filme de Tim Burton, em tentar refazer o clássico, mas o complementava: Tratava-se, na realidade de um prólogo, revelando como a Terra, do mundo civilizado atual, converteu-se na distopia dominada por uma raça avançada de macacos como visto no clássico.
E o ponto de partida para essa mudança se origina no personagem de James Franco (recém-saído de uma indicação ao Oscar por “127 Horas”), um jovem cientista determinado a encontrar a cura do Mal de Alzheimer que acomete seu pai (o veterano John Lithgow). Ele realiza uma experiência clandestina numa fêmea chimpanzé, o que gera, mais tarde, um filhote de prodigiosa inteligência: César –interpretado pelo grande especialista em atuação na captura de performance do cinema, Andy Serkis, que também foi responsável pela extraordinária presença de Gollum (muito legal notar que James Franco assume aqui o papel de coadjuvante de um personagem digital com um bocado de dignidade).
Com o tempo, César (personificado de modo assombroso pelos movimentos e pela técnica de Andy Serkis) adquire consciência de quem é e acaba levado e encarcerado num zoológico para macacos, onde junto de outros símios, sofre maus tratos nas mãos de humanos cruéis –representados, entre outros, por Brian Cox e Tom Felton, habituados a papéis de vilões. Logo, César percebe que, na condição de líder de sua raça, deve valer-se do quê sabe e compreende para conduzir os da sua espécime à uma rebelião sem precedentes, que deverá levá-los à liberdade, para bem longe do julgo dos humanos.
O modo com que a direção de Rupert Wyatt conduz a trama, o amadurecimento de César (com estupendo desenvolvimento dele enquanto personagem, e brilhante observação na ascensão de sua liderança) e o desenrolar de todas as facetas fundamentais às características presentes no filme clássico é de um primor estupendo; tornando até mesmo redundantes referências mais convencionais como as falas “Isto aqui é um hospício!” ou “Tire suas patas de mim, seu macaco imundo!”.
Todas essas bem elaboradas características conduzem harmoniosamente ao segmento final, onde vemos a arrepiante insurreição dos animais contra os seres humanos (é curioso como, em suas motivações muito bem estipuladas no roteiro, o filme consegue colocar de maneira convincente, os humanos –ou seja, nós mesmos! –como os detestáveis vilões), uma sucessão fantástica de cenas que mesclam ação, eficácia narrativa e o brilho de efeitos visuais empregados em favor da história que eleva a produção num outro nível, capaz de fazer dele uma obra tão icônica quanto o clássico que busca honrar.

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