quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Sherlock Holmes, por Robert Downey Jr.

Sherlock Holmes
Muitas foram as personificações do detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle no cinema –atualmente, uma das minhas prediletas não vem nem da tela grande, mas da TV, na arrojada série “Sherlock”, estrelada por Benedict Cumberbath e Martin Freeman.
Pouco antes dela, logo após o enorme sucesso de “Homem de Ferro”, o então ator problemático Robert Downey Jr. dava passos largos para tirar de seus ombros a má reputação que lhe perseguia a mais de duas décadas para se tornar um dos grandes astros de Hollywood –e certamente os responsáveis por isso foram não somente os filmes de Tony Stark como também esta nova versão de Sherlock Holmes.
Pegando carona numa proposta de reinvenção um pouco parecida com a do clássico oitentista “O Enigma da Pirâmide” –que hoje, infelizmente, pouca gente lembra –o filme mostra o famoso detetive particular na Inglaterra do final do Século 19, morando no conhecido apartamento em Baker Street. Sherlock Holmes auxiliado por seu fiel (ainda que relutante) amigo James Watson (Jude Law, uma boa presença) investiga uma série de crimes que culminaram numa inexplicável ressurreição de um condenado à morte, Blackwood (Mark Strong, um vilão competente embora genérico). Seguindo uma trilha de pistas num estilo totalmente peculiar e ortodoxo, como lhe é de praxe, o excêntrico Holmes aproxima-se de descortinar um plano que visa ameaçar a própria ordem política vigente em Londres. No percurso dessa tumultuada investigação –que encontra indícios que flertam com invocações sobrenaturais –Holmes e Watson (que, coitado, está de casamento marcado) recebem a ambígua ajuda (ou seria intromissão?) da bela Irene Adler (a ótima Rachel McAdams), com quem Holmes tem um relacionamento, diga-mos... complicado!
Assumindo as rédeas deste projeto –e, assim como Downey Jr., necessitando de um sucesso para se provar perante a indústria –o diretor Guy Ritchie troca assim os habituais gângsteres urbanos e contemporâneos (que ele soube retratar com graça, som e fúria em “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e “Snatch-Porcos e Diamantes”) pelo submundo da Inglaterra vitoriana nesta reformulação do famoso personagem extraída por sua vez não dos livros de Arthur Conan Doyle, mas de uma série de história em quadrinhos neles baseada.
Essa roupagem pós-moderna garantida pela direção inquieta e em muitos momentos francamente vertiginosa de Ritchie acaba dando ao personagem fôlego novo justamente por preservar elementos de ação que estavam nos livros e fugir consideravelmente de estereótipos que engessavam o personagem em suas outras encarnações.
E verdade seja dita: Muito ajuda para isso a eufórica interpretação de Robert Downey Jr.

Sherlock Holmes-O Jogo das Sombras
Tudo deu certo. A nova versão de Sherlock Holmes foi um sucesso, o público abraçou a forma dinâmica com que o diretor Guy Ritchie contou uma trama protagonizada por um personagem tão conhecido –e de características tão difundidas na cultura pop –dando a ele um sabor de algo novo. E Robert Downey Jr., embora o público o visse como intérprete definitivo do Homem de Ferro, conseguiu emplacar uma segunda franquia milionária em sua carreira, provando que os dias de escândalo e de bebedeiras tinha ficado no passado. Seu imenso talento e carisma agora estavam a serviço da arte de interpretar, como tinha que ser.
A continuação, como rege a cartilha do cinema comercial de modo geral, deveria ser mais, maior e melhor que o filme anterior –e tudo isso, posto em prática, resulta ocasionalmente exorbitante.
Se o primeiro “Sherlock Holmes” era uma mescla agitada e livre de amarras de diversos livros, contos e histórias de Sherlock produzidas nas mais diversas mídias –sendo o livro “Um Escândalo Na Boêmia” uma das fontes mais evidentes –desta vez, uma das inspirações certamente haveria de ser “A Queda de Reinchenbach”, devido à introdução daquele tido como o maior antagonista de Holmes, o maquiavélico Professor Moriarty, como bem foi sugerido ao fim do primeiro filme.
Quando esta nova produção começa, Guy Ritchie, à exemplo do ritmo incessante do trabalho anteiror, já arremessa o expectador no centro da ação, levando Holmes e Irene numa tentativa de impedir a detonação de uma bomba: Em pleno Século 19, ao que parece, o terrorismo enfim chegou a Inglaterra.
Ondas de pânico e desordem provocados por misteriosos atentados semelhantes ao da cena inicial intrigam a polícia, mas não o detetive Sherlock Holmes. Para ele, a autoria desses eventos é bem clara: todas as pistas levam ao ardiloso Professor Moriarty (Jared Harris, filho do grande Richard Harris, fabuloso no papel), tão astuto e inteligente quanto o próprio Holmes, mas infinitamente mais maldoso e perigoso.
O propósito pelo qual Moriarty elabora esse seu plano, entretanto ainda é um enigma. Para descobri-lo Holmes conta novamente com a imprescindível ajuda de seu amigo Watson (retirado à contra-gosto das festividades de seu casamento) e, desta vez, com a contribuição da cigana Simza (a sueca Noomi Rapace, exalando charme) e, em alguns momentos, de seu meticuloso irmão, Mycroft (Stephen Fry, em breve, porém, descontraída participação).
Esta continuação do sucesso de 2010 contava mais uma vez com a sensacional presença de Robert Downey Jr. e com o desigual tratamento conferido pelo diretor Guy Ritchie, embora muito disso soasse repetitivo em relação ao filme anterior: Seus grandes diferenciais eram mesmo as novas presenças do elenco; Noomi Rapace e, principalmente Jared Harris, cujo personagem, Prof. Moriarty, vinha atender uma espécie de ressalva feita em relação ao outro filme –a de que ele não teria um vilão à altura; os realizadores entenderam o recado, deixando Downey Jr. desta vez brilhantemente antagonizado por Jared Harris.
O final, diretamente extraído do desfecho antológico de “A Queda de Reinchenbach”, deixava ganchos óbvios para um terceiro filme que até este presente agosto de 2017 não foi sequer anunciado.

2 comentários:

  1. Olá, muito obrigado por compartilhar a sua crítica desse filme! Sinceramente os filmes de Jude Law não são os meus preferidos, mas devo reconhecer que o filme que ele estrenou no ano passado superou minhas expectativas. Eu gosto dos Jude Law filmes e a verdade adorei está história, por que além do bom roteiro, realmente teve um elenco decente, elemento que nem todos os filmes deste gênero tem. Realmente vale a pena todo o trabalho que o elenco e a produção fez, cada detalhe faz que seja um grande filme. É uma historia cheia de incríveis personagens e cenas excelentes. O filme superou as minhas expectativas, realmente o recomendo.

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    1. O filme do Jude Law que vi ano passado foi Rei Arthur-A Lenda da Espada era a esse que você se referia?

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