O maior mérito do filme de Stephen Daldry –que
em “Billy Elliot” entregou obra muito mais satisfatória –foi ter possibilitado
à Kate Winslet o papel pelo qual ela enfim conquistou o Oscar de Melhor Atriz,
após anos recebendo indicações por grandes trabalhos e, não raro, vendo ganhar
outras atrizes menos competentes e marcantes para o cinema do que ela.
No papel de Hanna, Kate é, de fato, a grande
força por trás de “O Leitor”, embora seu protagonista, por assim dizer, seja o
jovem Michael (vivido pelo jovem David Kross, de “Cavalo de Guerra”).
1958. Alemanha. Com apenas 15 anos de idade,
Michael aos poucos envolve-se com Hanna, uma mulher mais velha, bela
funcionária do carro do bonde, que parece ter um estranho fascínio em escutá-lo
ler seus livros escolares. Marcado por sexo e por silêncio, o relacionamento é
definido pela personalidade rude e impenetrável dela em contraponto a submissão
do menino.
Após um verão inteiro juntos, ela o abandona e
desaparece. Oito anos mais tarde, prestes a se formar em direito, Michael volta
a reencontrá-la, agora acusada de crimes de guerra durante o Holocausto quando
trabalhou em Auschwitz –segredo a respeito de Hanna que ele jamais ficou
sabendo antes. Durante o processo (em meio ao qual o filme deslinda, na forma
de flashbacks providenciais, o relacionamento entre Michael e Hanna), ele
descobre um segredo que ela parece querer esconder de todo o mundo –inclusive
dele próprio –mas, que representa também um dado fundamental para que ela seja
inocentada.
Há uma outra linha temporal, transcorrida anos
a frente, que coloca Michael já adulto (e interpretado por Ralph Fiennes) às
voltas com as marcas poderosas que o envolvimento com Hanna deixou nele. Essas
e outras facetas do filme de Daldry, contudo, soam acréscimos obsoletos diante
do elemento que o torna válido de fato: A grande atuação de Kate Winslet capaz
de equilibrar e alternar impressões distintas e até contraditórias numa
personagem difícil, resignada, dura e humana, que recebe desta grande atriz um
tratamento sensível e refinado.
Um filme emotivo, por vezes
teatral demais, mas cheio de qualidades.
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