quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento

Ainda mais notável do que um diretor emplacar um filme na cerimônia do Oscar, é esse mesmo diretor emplacar dois filmes numa só cerimônia. Assim como Francis Ford Coppola em 1975 e Herbert Ross em 1978, o diretor Steve Sodenbergh competiu, no ano 2000, com dois trabalhos ao Oscar de Melhor Filme: “Traffic” –que lhe deu o prêmio de Melhor Diretor –e este “Erin Brockovich-Uma Mulher de Talento”.
Na categoria de Melhor Diretor, aliás, esse feito foi ainda mais raro: Antes dele, apenas Michael Curtiz havia tido dupla indicação, em 1939, por “Anjos de Cara Suja” e “Quatro Filhas”!
Contudo, “Erin Brockovich” é mais lembrado mesmo como o filme que enfim deu o Oscar de Melhor Atriz a Julia Roberts, após ela reinar, na primeira parte da década de 1990 em Hollywood como a namoradinha da América, graças ao seu marcante papel em “Uma Linda Mulher”, passar por um período meio irregular na carreira –por escolhas um pouco equivocadas como “O Segredo de Mary Reilly” –e reconquistar público e critica já no fim da década com o mesmo gênero que a consagração, a comédia romântica, nos bem-sucedidos “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, lançado em 1998, e “Um Lugar Chamado Noting Hill”, em 1999. O passo mais natural para consolidar essa consagração seria a conquista de um Oscar e, nesse intento, ela não se fez de rogada ao encarar o papel protagonista deste filme inspirado em fatos reais, mais necessariamente na luta de Erin Brockovich, divorciada e desempregada com quatro filhos que consegue emprego em um escritório de advocacia e dedica-se com afinco e obstinação num caso onde os moradores de uma cidadezinha tentam processar uma grande empresa por danos à saúde e ao meio ambiente infligidos por uma fábrica poluente.

A despeito de ser uma pessoa real (ela é produtora executiva do filme), Erin Brockovich é uma personagem recorrente no cinema: Os anos 1980 tiveram diversos exemplares onde atrizes como Jessica Lange ou Suzan Sarandon desempenharam mulheres do povo, que não fugiam de uma briga e nem levavam desaforo para casa. Uma personagem feita sob medida para uma atriz brilhar –desbocada, presenteado com sucessivos monólogos explosivos, sensual ao seu modo brejeiro e contando com toda a veracidade de sua história como respaldo –não havia muito como tirar o Oscar de Julia Roberts, por mais que o filme e o próprio trabalho da atriz não fossem, a rigor, algo tão memorável assim, e mesmo que, dentre suas concorrentes, a superioridade artística e qualitativa de Ellen Bustyn, por “Réquiem Para Um Sonho”, fosse um detalhe constrangedor de tão evidente.

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