Dos mais divertidos filmes de mortos-vivos que
agregam humor em sua premissa –e esse sub-gênero possui exemplares assim aos
borbotões –“Zumbilândia”, do diretor Ruben Fleischer, de 2009, se sobressai de
forma notável por reunir, ao lado do veterano Woody Harrelson, um time de
jovens atores que ainda daria muito o que falar –haviam ali Abigail Breslin,
poucos anos depois de ter feito “Pequena Miss Sunshine”, a sensacional Emma
Stone (vencedora do Oscar de Melhor Atriz por “La La Land-Cantando Estações”) e
Jesse Eisenberg (indicado ao Oscar de Melhor Ator por “A Rede Social”) –por
ostentar uma irresistível natureza cult (até hoje, não superada por outras
pretensas imitações que vieram depois), por mesclar as características
inerentes de filme de mortos-vivos de forma admirável à um humor peculiar,
descontraído e bastante acessível, e por ser, de fato, um filme muito bem
realizado.
A intenção dos roteiristas Rhett Reese e Paul
Wernick (que depois escreveriam “Deadpool”) foi conceber algo até então inédito
na TV: Uma série de zumbis –em 2009, eles não tinham ainda virado lugar-comum
com a série de sucesso “The Walking Dead”. A idéia era que a trama se
estendesse por vários capítulos: O episódio-piloto terminaria na cena em que
Columbus (Eisenberg) e Tallahassee (Harrelson) são roubados pelas duas meninas
pela primeira vez.
Com seu plano de série rejeitado, eles
transformaram “Zumbilândia” num roteiro de cinema.
A trama se passa assim num EUA assolado pela
existência de letais hordas de mortos-vivos, uma Zumbilândia.
Lá, seus personagens levam o nome do lugar de
onde vieram ou para onde pretendem ir.
Columbus, outrora alienado nerd pouco afeito a
deixar a comodidade de seu apartamento, consegue sobreviver por preservar uma
série de estranhas regras, justamente os mesmos maneirismo que antes o tornavam
anti-social. Após sobreviver por muito pouco ao ataque de sua deliciosa vizinha
(Amber Heard) transformada em zumbi, ele pega a estrada e seu caminho cruza-se
com o de Tallahassee, um alucinado texano viciado em Twinkies (um bolinho
norte-americano) e especializado em matar zumbis das formas mais ecléticas possíveis.
A eles, mais tarde irá se juntar uma dupla de irmãs, a sensual e desconfiada
Wichitta (Emma Stone, sempre apaixonante), e a jovem e precoce Little Rock
(Abigail Breslin). Esse inusitado grupo decide rumar em direção a Costa Oeste,
em meio a esse mundo pós-apocalíptico.
A despeito de todas as regras e paradigmas do
sub-gênero de mortos-vivos serem seguidos com zelo e atenção, o filme de
Fleischer logo adquire características empáticas que o destacam da leva comum
de filmes de zumbi –sua narrativa passa a dar mais atenção à graça genuína que
pulsa do personagem de Harrelson (que recebe uma ajuda e tanto quando encontra
seu ídolo, Bill Murray em pessoa, numa seqüência hilária durante uma parada em
Hollywood), ao romance hesitante e bonitinho que surge entre os personagens de
Eisenberg e de Emma, e ao senso envolvente de aventura, do que à atmosfera de
terror propriamente dita, ou à seqüências mais gráficas e sangrentas.
“Zumbilândia” é, pois, uma
distorção da categoria a que pertence –como o próprio gênero de zumbi foi uma
distorção dos filmes tradicionais de terror –e, nesse ímpeto consegue fazer o
expectador rir e vibrar com seus cativantes personagens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário