quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Zumbilândia

Dos mais divertidos filmes de mortos-vivos que agregam humor em sua premissa –e esse sub-gênero possui exemplares assim aos borbotões –“Zumbilândia”, do diretor Ruben Fleischer, de 2009, se sobressai de forma notável por reunir, ao lado do veterano Woody Harrelson, um time de jovens atores que ainda daria muito o que falar –haviam ali Abigail Breslin, poucos anos depois de ter feito “Pequena Miss Sunshine”, a sensacional Emma Stone (vencedora do Oscar de Melhor Atriz por “La La Land-Cantando Estações”) e Jesse Eisenberg (indicado ao Oscar de Melhor Ator por “A Rede Social”) –por ostentar uma irresistível natureza cult (até hoje, não superada por outras pretensas imitações que vieram depois), por mesclar as características inerentes de filme de mortos-vivos de forma admirável à um humor peculiar, descontraído e bastante acessível, e por ser, de fato, um filme muito bem realizado.
A intenção dos roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick (que depois escreveriam “Deadpool”) foi conceber algo até então inédito na TV: Uma série de zumbis –em 2009, eles não tinham ainda virado lugar-comum com a série de sucesso “The Walking Dead”. A idéia era que a trama se estendesse por vários capítulos: O episódio-piloto terminaria na cena em que Columbus (Eisenberg) e Tallahassee (Harrelson) são roubados pelas duas meninas pela primeira vez.
Com seu plano de série rejeitado, eles transformaram “Zumbilândia” num roteiro de cinema.
A trama se passa assim num EUA assolado pela existência de letais hordas de mortos-vivos, uma Zumbilândia.
Lá, seus personagens levam o nome do lugar de onde vieram ou para onde pretendem ir.
Columbus, outrora alienado nerd pouco afeito a deixar a comodidade de seu apartamento, consegue sobreviver por preservar uma série de estranhas regras, justamente os mesmos maneirismo que antes o tornavam anti-social. Após sobreviver por muito pouco ao ataque de sua deliciosa vizinha (Amber Heard) transformada em zumbi, ele pega a estrada e seu caminho cruza-se com o de Tallahassee, um alucinado texano viciado em Twinkies (um bolinho norte-americano) e especializado em matar zumbis das formas mais ecléticas possíveis. A eles, mais tarde irá se juntar uma dupla de irmãs, a sensual e desconfiada Wichitta (Emma Stone, sempre apaixonante), e a jovem e precoce Little Rock (Abigail Breslin). Esse inusitado grupo decide rumar em direção a Costa Oeste, em meio a esse mundo pós-apocalíptico.
A despeito de todas as regras e paradigmas do sub-gênero de mortos-vivos serem seguidos com zelo e atenção, o filme de Fleischer logo adquire características empáticas que o destacam da leva comum de filmes de zumbi –sua narrativa passa a dar mais atenção à graça genuína que pulsa do personagem de Harrelson (que recebe uma ajuda e tanto quando encontra seu ídolo, Bill Murray em pessoa, numa seqüência hilária durante uma parada em Hollywood), ao romance hesitante e bonitinho que surge entre os personagens de Eisenberg e de Emma, e ao senso envolvente de aventura, do que à atmosfera de terror propriamente dita, ou à seqüências mais gráficas e sangrentas.
“Zumbilândia” é, pois, uma distorção da categoria a que pertence –como o próprio gênero de zumbi foi uma distorção dos filmes tradicionais de terror –e, nesse ímpeto consegue fazer o expectador rir e vibrar com seus cativantes personagens.

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