quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Emma

Tão influente e de predicados tão universais e atemporais é o livro “Emma”, de Jane Austen, que ele inspirou um dos filmes adolescentes que viraram mania entre os jovens nos anos 1990: O romance colegial “As Patricinhas de Beverly Hills”, com Alicia Silverstone, dirigido por Amy Heckerling é declaradamente uma versão adolescente, norte-americana e burguesa de “Emma”. Também na literatura “Emma” serviu de molde para um sucesso: “O Diário de Bridget Jones” –mais tarde, também ele tornado filme –de Helen Fielding era, também ele, uma versão modernizada (e nada disfarçada) de “Emma”.
Com o interesse despertado pela fabulosa adaptação de “Razão e Sensibilidade”, conduzida por Ang Lee, em 1995, era questão de tempo até que “Emma” ganhasse, também ele, sua própria versão cinematográfica.
O resultado, embora não possua a precisão e o requinte de acabamento de "Razão e Sensibilidade", é uma obra elegante, saborosa e competente, características que o diretor Douglas McGrath deve em grande parte devido à escolha de Gwyneth Paltrow para o papel: Ela está muito melhor e mais adorável aqui do que em seu oscarizado “Shakespeare Apaixonado”.
No interior da Inglaterra, na cidade de Highbury, a bela e juvenil Emma Woodhouse tem como principal diversão o hábito de bancar cupido. Ela dá conselhos, elabora estratagemas e faz esforços para unir casais e acaba criando algumas confusões devido à imprevisibilidade emotiva e romântica dos corações humanos. Isso e mais uma série de outros contratempos por vezes a indispõem com o Sr. Knightley (Jeremy Northam, bem mais jovial e galante do que é sugerido no livro), um grande amigo de sua família e sempre atento a lhe dar um puxão de orelha quando suas boas intenções extravasam o limite do decoro ou do bom senso. Mas o quê Emma parece não se dar conta é que há muita afetividade nesse modo do Sr. Knightley de se portar e se importar com ela.
No decurso de seu amadurecimento existem outras coisas que Emma irá perceber: Que por trás do amplo conhecimento nos assuntos amorosos que ostenta para os outros, há uma jovem insegura e sozinha que teme, ela própria, em ter de lidar com os revezes da paixão.
Embora seja um dos mais prestigiados livros de Jane Austen, a adaptação de “Emma”, no objetivo bastante singelo que parece buscar, passa longe de corresponder à “grande obra-prima da escritora”, resultando numa graciosa comédia romântica de época, cujo mérito maior é sua protagonista que comanda as cenas com graça e suavidade.

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