Era inevitável que o surpreendente e divertido “KickAss-Quebrando Tudo” ganhasse uma continuação. O problema foi, talvez, ela ter
perdido um certo timing para acontecer.
Perdeu outra coisa também: O competente diretor
do filme anterior, Matthew Vaughn, que não retornou –e que tinha até outro dia
o hábito de não dar continuidade a nenhum de seus trabalhos: Assim como em
“Kick Ass”, ele também dirigiu o ótimo “X-Men Primeira Classe” e não retornou
para fazer sua aguardada continuação. Ele só rompeu com esse ciclo ao realizar
a seqüência do bem-sucedido “Kingsman-Serviço Secreto”.
No lugar de Matthew Vaughn, foi chamado o
diretor Jeff Wadlow (que realizou um bom trabalho no filme de pancadaria
“Quebrando Regras”), dono de uma sólida percepção para as cenas de ação, porém,
burocrático no trato para com os personagens e a graça genuína que pulsava de
suas dinâmicas.
Após os acontecimentos do primeiro filme, Mindy
(a Hit-Girl, que Chloe Grace Moretz agora uma adolescente e não uma garotinha
interpreta com vigor e personalidade) abandonou a vida de vigilante e passou a
freqüentar a mesma escola que Dave (Aaron Taylor Johnson, ótimo no papel) –este
ainda atua ocasionalmente como Kick-Ass.
Sozinho, ele termina unindo-se a um certo grupo
auto-intitulado Justiça Eterna, capitaneado pelo ligeiramente desajustado Coronel
Estrelas e Listras (uma ponta especialíssima de Jim Carrey), e formado por
diversos pretendentes a heróis uniformizados, todos inspirados pelo próprio
Kick-Ass.
No entanto, o vingativo Chris Dammicco
(Christopher Mintz-Plasse, impagável), agora abandonando sua identidade de Red
Misty e assumindo sua persona vilanesca como Motherfucker, retorna e ladeado
por todos os capangas truculentos e brutais que seu dinheiro é capaz de pagar
–incluindo aí uma certa Mama Rússia (Olga Kurkulina) cuja expectativa pelo
embate contra Hit-Girl a narrativa faz questão de preparar com todo o cuidado e
minúcia.
Os atos perigosos e inconseqüentes de
Motherfucker e sua gangue irão obrigar não só Mindy a rever sua decisão de
abandonar o vigilantismo (tarefa para a qual ela tem excelência inquestionável),
como também colocará Dave –e todo um exército de heróis mascarados e
voluntários aos quais ele próprio deu origem –em rota de colisão com seu
arquiinimigo.
É nítida a constatação de que esta seqüência do
inesperado sucesso não vem agraciada com a mesma química do filme anterior
(conseqüência, sem dúvida, da troca de diretores), contudo, o resultado ainda é
plenamente divertido, ultra-violento e debochado.
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