segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Deadpool 2

Por mais interessante, inovador e divertido que fosse “Deadpool” ele ainda se prestava a melhoramentos, já que os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick contentaram-se com um filme de origem, assumiram uma produção de baixo-orçamento (junto da qual vinha mais liberdade autoral e a possibilidade de uma censura alta) e abraçaram um caráter, digamos, ‘vira-lata’ para o filme.
Com a saída do diretor Tim Miller, devido à diferenças criativas com o astro Ryan Reynolds, e a entrada do ótimo David Leitch (co-diretor de “John Wick” e diretor de “Atômica”), “Deadpool 2” evolui assim para uma produção classe A, com um orçamento generoso condizente com a bilheteria e a repercussão positiva que o trabalho anterior obteve.
Com o seu status-quo de anti-herói estabelecido desde o final do primeiro filme, e ao lado do amor de sua vida, Vanessa (a brasileira Morena Baccarin), Wade Wilson, o assim chamado Deadpool (interpretado por Ryan Reynolds com uma compreensão singular do personagem) dá início à uma varredura inconsequente da bandidagem –e as cenas que se seguem, além de unir a galhofa deliciosa e politicamente incorreta que fez o sucesso do outro filme, traz também a excelência técnica no registro da ação que o diretor Leitch ostentou em suas obras anteriores.
Ainda que bastante previsível, o roteiro tece uma tragédia que dá um novo rumo à trajetória de Deadpool enquanto anti-herói a caminho de ser herói.
Ele vai parar na Mansão X, onde o mutante Colossus, desde o filme anterior, tenta convencê-lo a juntar-se aos X-Men.
Pouco a pouco, a trama de Deadpool –que só não resvala no tédio graças à presença extraordinária de Reynolds e ao bem calibrado humor sarcástico –vai colidir com outra trama: A de Cable (Josh Brolin, arrasando num personagem que foi disputado a tapa por muitos atores em Hollywood).
Vindo do futuro (no melhor estilo “Exterminador do Futuro” cuja menção, inclusive, é feita), Cable irá valer-se de seus poderes high-tech e seu braço biônico para mudar a história na qual um vilão homicida extermina sua família. No presente, tal vilão não passa de uma criança, o carismático orfão Russel (Julian Dennison) que sofre maus-tratos na impiedosa instituição em que foi jogado.
Para Cable, neutralizar aquele que um dia será o destruidor de sua família é uma missão para a qual ele se faz implacável.
Para Deadpool, espiritualmente mais inclinado à redenção do que outrora, o garoto merece a chance de tornar-se alguém melhor, entretanto, diante do colosso que representa Cable, ele conclui que não pode fazê-lo sozinho –neste ponto, Colossus e os X-Men se injuriaram novamente com suas atitudes e o deixaram –e, portanto, resolve montar um grupo, o X-Force!
A seleção e apresentação dos membros de tal grupo é praticamente um show cômico à parte, mas, o que realmente importa é uma única personagem: A sensacional Dominó, vivida pela fulgurante Zazie Beetz, cujos superpoderes –sorte em um nível absurdo –são empregados numa sucessão espetacular de cenas tão engraçadas quanto bem orquestradas.
Repleto de trocadilhos e farpas rápidas, além de referências ainda mais infindáveis do que no primeiro filme –detalhes que tornam prazerosas inclusive as inúmeras revisões –“Deadpool 2” tem o mérito de acrescentar à receita renovadora de humor auto-consciente a percepção singular do diretor Leitch para com as cenas de pancadaria e perseguição –dificil dizer qual das tantas é a mais primorosa!

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