Com a saída do diretor Tim Miller, devido à
diferenças criativas com o astro Ryan Reynolds, e a entrada do ótimo David Leitch
(co-diretor de “John Wick” e diretor de “Atômica”), “Deadpool 2” evolui assim
para uma produção classe A, com um orçamento generoso condizente com a
bilheteria e a repercussão positiva que o trabalho anterior obteve.
Com o seu status-quo de anti-herói estabelecido
desde o final do primeiro filme, e ao lado do amor de sua vida, Vanessa (a
brasileira Morena Baccarin), Wade Wilson, o assim chamado Deadpool
(interpretado por Ryan Reynolds com uma compreensão singular do personagem) dá
início à uma varredura inconsequente da bandidagem –e as cenas que se seguem,
além de unir a galhofa deliciosa e politicamente incorreta que fez o sucesso do
outro filme, traz também a excelência técnica no registro da ação que o diretor
Leitch ostentou em suas obras anteriores.
Ainda que bastante previsível, o roteiro tece
uma tragédia que dá um novo rumo à trajetória de Deadpool enquanto anti-herói a
caminho de ser herói.
Ele vai parar na Mansão X, onde o mutante
Colossus, desde o filme anterior, tenta convencê-lo a juntar-se aos X-Men.
Pouco a pouco, a trama de Deadpool –que só não
resvala no tédio graças à presença extraordinária de Reynolds e ao bem
calibrado humor sarcástico –vai colidir com outra trama: A de Cable (Josh Brolin,
arrasando num personagem que foi disputado a tapa por muitos atores em
Hollywood).
Vindo do futuro (no melhor estilo “Exterminador do Futuro” cuja menção, inclusive, é feita), Cable irá valer-se de seus poderes
high-tech e seu braço biônico para mudar a história na qual um vilão homicida
extermina sua família. No presente, tal vilão não passa de uma criança, o
carismático orfão Russel (Julian Dennison) que sofre maus-tratos na impiedosa
instituição em que foi jogado.
Para Cable, neutralizar aquele que um dia será
o destruidor de sua família é uma missão para a qual ele se faz implacável.
Para Deadpool, espiritualmente mais inclinado à
redenção do que outrora, o garoto merece a chance de tornar-se alguém melhor,
entretanto, diante do colosso que representa Cable, ele conclui que não pode
fazê-lo sozinho –neste ponto, Colossus e os X-Men se injuriaram novamente com
suas atitudes e o deixaram –e, portanto, resolve montar um grupo, o X-Force!
A seleção e apresentação dos membros de tal
grupo é praticamente um show cômico à parte, mas, o que realmente importa é uma
única personagem: A sensacional Dominó, vivida pela fulgurante Zazie Beetz,
cujos superpoderes –sorte em um nível absurdo –são empregados numa sucessão
espetacular de cenas tão engraçadas quanto bem orquestradas.
Repleto de trocadilhos e farpas rápidas, além
de referências ainda mais infindáveis do que no primeiro filme –detalhes que
tornam prazerosas inclusive as inúmeras revisões –“Deadpool 2” tem o mérito de
acrescentar à receita renovadora de humor auto-consciente a percepção singular
do diretor Leitch para com as cenas de pancadaria e perseguição –dificil dizer
qual das tantas é a mais primorosa!
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