Após o sucesso de “Tubarão” houve um natural
interesse por novas adaptações do escritor Peter Benchley, bem como do
consequente fascínio exercido pelos mistérios do mar, que aparentemente eram
centrais à criatividade desse escritor.
Consequência disso, o diretor de “Bullitt” e da
fantasia oitentista “Krull”, Peter Yates comandou esta produção que, diferente
do tenso e intenso suspense de Steven Spielberg, era uma aventura aquática com
elementos investigativos tendo como única similaridade com o filme
anteriormente adaptado de Benchley o seu ambiente marinho.
Quando “O Fundo do Mar” começa acompanhamos já
em meio às profundezas a pesquisa aquática do casal David e Gail Sanders (Nick Nolte
e a linda Jacqueline Bisset, ela já tendo trabalhado com Yates em “Bullitt”).
As cenas registradas no filme –e que respondem pelo grande diferencial da obra
–deixam claro a dificuldade da produção em filmar embaixo d’água (sempre um
contratempo tortuoso em qualquer projeto), e eles não pouparam recursos.
David e Gail encontram itens supostamente
valiosos e alguns perigos também –de volta à superfície, descobrimos que eles
não são pesquisadores de nobre intento científico; são, na realidade, caçadores
de tesouros, sobretudo, David cuja ganância e avidez recebem ocasional
indiferença de sua companheira.
Entretanto, é uma simples ampola de morfina,
encontrada nos destroços de um navio afundado, que representa o fio condutor
para inesperados problemas: Logo, aquela descoberta atrai a atenção de Cloche
(Louis Gosset Jr.), traficante haitiano que compreende muito bem que a morfina
pode ser convertida facilmente em heroína –e o vultuoso carregamento afundado nos
recifes descoberto pelos Sanders pode representar para ele a descoberta de um
grande lote gratuito.
O casal procura pela orientação e experiência
de outro famoso caçador de tesouros submersos morador do lugar, o arredio e
sábio Romer Treece (Robert Shaw, que também estava no elenco de “Tubarão”). Ele
interessa-se o suficiente para acompanhá-los numa outra incursão ao navio
naufragado e, uma vez lá, uma nova descoberta leva a um novo plano: O conteúdo
misterioso –e sob muitos aspectos, inacessível –pode ter não somente uma
generosa carga de morfina, mas também pode conter um tesouro lendário que os
tornaria milionários.
Sem a excelência que faria dele um clássico,
mas sem também a mediocridade que o tornaria esquecível, “O Fundo do Mar” é uma
realização comercial que ilustra bem o nível relativamente razoável do
entretenimento produzido na época –final dos anos 1970.
Suas cenas submarinas, ainda que com certeza
datadas, preservam a sensação de perseverança e cuidado técnico com as quais
foram feitas no período e a trama, não obstante suas guinadas sem muito espanto,
prende a atenção satisfatoriamente.
Notável, para a época e para hoje, ainda é a
formidável presença de Jacqueline Bisset, que aqui sagra-se facilmente como um
sex-simbol absoluto do cinema, aparecendo numa sucessão de cenas sensuais
inseridas de forma meio aleatória na trama; incluindo a clássica camiseta
molhada na cena inicial –uma sequência que, a despeito da ênfase em outros
aspectos da cena e da trama, ficou no subconsciente do público pela sugestão
dos belíssimos seios desnudos da estrela!
Nenhum comentário:
Postar um comentário