A narrativa do filme de Ken Kwapis é tão
adocicada e feminina quanto o livro de Ann Brashares que lhe inspirou. Na
esteira das adaptações recentes de best-sellers recentes, o filme por vezes
abre mão da própria autenticidade para transpor o máximo possível das
circunstâncias literárias da trama para a tela –uma fidelidade canina que o
torna um filem pequeno e asséptico.
Todavia, se a simpatia e a profunda
identificação com seu público alvo eram os méritos do livro, eles continuam a
ser do filme também.
Nascidas praticamente no mesmo período, cujas
mães frequentaram o mesmo curso aeróbico de pré-natal, as quatro jovens
protagonistas não podiam ser mais diversificadas entre si: A loira e impetuosa
Bridget (Blake Lively); a niilista e questionadora Tibby (Amber Tamblyn, de “O
Chamado” e “127 Horas”), que é também narradora do filme; a sonhadora e tímida
Lena (Alexis Bledel, de “Sin City” e da série “Gilmore Girls”); e a descendente
de porto-riquenhos Carmen (America Ferrera, da série “Ugly Betty”).
A premissa, contudo, não gira em torno de sua
união, mas de um ocasional afastamento: Durante as férias de verão, Lena vai
visitar familiares na Grécia; Bridget parte para um torneio de futebol no
ensolarado México; Carmen vai passar algum tempo com o pai (Bradley Whitford,
de “Corra!”), divorciado da mãe (Rachel Ticotin, de “O Vingador do Futuro”), na
cidadezinha de Charleston; e Tibby, que ficou em casa, decide dividir seu tempo
entre um enfadonho trabalho no supermercado e o projeto de um documentário que
ela parece incapaz de concluir.
E o que as amigas inventam para encontrar um
meio de ficar sempre próximas, mesmo indo para lugares e destinos tão
diferentes?
Uma calça jeans, encontrada num brechó lhes dá,
digamos, a dica: Apesar de seus tamanhos e alturas diferentes, o jeans serve em
todas elas, algo que as quatro jovens interpretam como um sinal mágico (!), e
assim firmam um pacto, por meio do qual, graças à eficiência dos correios, irão
revezar o jeans nos quatro lugares em que se encontram.
Embevecida de fofura adolescente, a narrativa
habilmente faz com que as intervenções do jeans sejam, de fato, pertinentes à
trama de cada uma: Lena descobre usando-o que o jovem (Michael Rady) por quem
eventualmente se enamorou na Grécia vem a ser –no melhor estilo “Romeu e Julieta”
–membro de uma família inimiga da sua; para Bridget, o jeans chega no exato
momento em que precisa reunir coragem para prosseguir em seu flerte com o
treinador de um dos times (Mike Vogel, de “Cloverfield-Monstro”); já Carmem,
que descobriu que seu pai tem uma nova esposa (Nancy Travis), uma nova família
e está de casamento marcado para breve, acaba usando da segurança proporcionada
pelo jeans para assumir o ressentimento contido da situação; e Tibby,
justamente por um pequeno equívoco na entrega postal do jeans acaba conhecendo
Bayley (Jenna Boyd), uma jovem radiante, mas com um trágico segredo, que irá
operar uma mudança na sua vida e na sua forma de encará-la.
Pertinente ao tratar temas corriqueiros nos
chamados ‘filmes de adolescentes’ com mais profundidade e maturidade que o
normal nesse sub-gênero, este bom trabalho –preciso e eficaz ao público que se
dirige –se sustenta, sobretudo, no carisma e na habilidade de seu fantástico
quarteto de atrizes que exploram as variações de seus dramas pessoais, seja em
conjunto, seja individualmente, com desenvoltura, graça e encanto.
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