Muito antes de “Indiana Jones” ou “Código DaVinci”, um filme de 1953 já reunia essas mesmas características embora não
tivesse os elementos de cinema pós-moderno que davam a esses filmes ação
desenfreada.
“Pergaminho Fatídico” tem, em vez disso,
elementos de film noir, muito charme e o astro Glenn Ford.
Ele é Al Colby que relata, por meio daqueles
flashbacks típicos, os meios pelos quais envolveu-se numa tremenda enrascada:
Corretor de seguros, ele se encontra na Cidade do México quando é abordado por
uma mulher com todos os elementos de femme fatale; tal mulher, a envolvente
Anna Luz (a morena Patricia Medina), porém, se apresenta como enfermeira de um
milionário cadeirante, o ávido colecionador de antiguidades Berrien (Francis L.
Sullivan), que deseja recrutar Colby para uma missão aparentemente banal: Levar
um pacote misterioso num navio que vai de Havana para o México.
Relutante a princípio, mas convencido pelos
altos valores que envolvem sua contratação, Colby aceita e, em meio à viagem de
navio –na qual estreita os laços de desconfiança com a enfermeira Anna Luz e o
ricaço Berrien –descobre que sua tarefa não era tão simples quanto lhe foi
sugerido: Há um casal misterioso também atrás do pacote –a insinuante Julie (a
loira Diana Lynn) e o taciturno Raul (Eduardo Noriega, mas não o ator jovem
ainda em atividade e sim o seu homônimo) –e um outro colecionador de
antiguidades (Sean McClory) disposto a lançar mão de violência e meios ilícitos
para obtê-lo.
A própria Anna Luz e Berrien (que aparece morto
ao longo da viagem) fornecem poderosos indícios de que não são confiáveis.
Mas, afinal, o que há naquele pacote?
Esse é um mistério mantido jocosamente pelos
personagens secundários e que, por fim, não é tão difícil de concluir que leva
a uma fortuna em tesouros arqueológicos.
Espetacularmente filmado em preto & branco,
aproveitando plenamente a autenticidade das locações reais em Mitla e Monte
Alban, nas imediações da cidade de Oaxaca, este filme dirigido por John Farrow
(do igualmente ótimo “Caminhos Ásperos”) vale-se assim de um estilo de filmagem
similar à obra-prima “O Terceiro Homem” para elaborar um suspense noir de
ambientação desigual (no lugar de becos escuros e um cenário urbano, o
ensolarado México e suas ruínas históricas); se o roteiro lhe impõe guinadas
constantemente previsíveis, esse fator, contudo, vem carregado de intrigante
originalidade.
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