terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Pergaminho Fatídico


Muito antes de “Indiana Jones” ou “Código DaVinci”, um filme de 1953 já reunia essas mesmas características embora não tivesse os elementos de cinema pós-moderno que davam a esses filmes ação desenfreada.
“Pergaminho Fatídico” tem, em vez disso, elementos de film noir, muito charme e o astro Glenn Ford.
Ele é Al Colby que relata, por meio daqueles flashbacks típicos, os meios pelos quais envolveu-se numa tremenda enrascada: Corretor de seguros, ele se encontra na Cidade do México quando é abordado por uma mulher com todos os elementos de femme fatale; tal mulher, a envolvente Anna Luz (a morena Patricia Medina), porém, se apresenta como enfermeira de um milionário cadeirante, o ávido colecionador de antiguidades Berrien (Francis L. Sullivan), que deseja recrutar Colby para uma missão aparentemente banal: Levar um pacote misterioso num navio que vai de Havana para o México.
Relutante a princípio, mas convencido pelos altos valores que envolvem sua contratação, Colby aceita e, em meio à viagem de navio –na qual estreita os laços de desconfiança com a enfermeira Anna Luz e o ricaço Berrien –descobre que sua tarefa não era tão simples quanto lhe foi sugerido: Há um casal misterioso também atrás do pacote –a insinuante Julie (a loira Diana Lynn) e o taciturno Raul (Eduardo Noriega, mas não o ator jovem ainda em atividade e sim o seu homônimo) –e um outro colecionador de antiguidades (Sean McClory) disposto a lançar mão de violência e meios ilícitos para obtê-lo.
A própria Anna Luz e Berrien (que aparece morto ao longo da viagem) fornecem poderosos indícios de que não são confiáveis.
Mas, afinal, o que há naquele pacote?
Esse é um mistério mantido jocosamente pelos personagens secundários e que, por fim, não é tão difícil de concluir que leva a uma fortuna em tesouros arqueológicos.
Espetacularmente filmado em preto & branco, aproveitando plenamente a autenticidade das locações reais em Mitla e Monte Alban, nas imediações da cidade de Oaxaca, este filme dirigido por John Farrow (do igualmente ótimo “Caminhos Ásperos”) vale-se assim de um estilo de filmagem similar à obra-prima “O Terceiro Homem” para elaborar um suspense noir de ambientação desigual (no lugar de becos escuros e um cenário urbano, o ensolarado México e suas ruínas históricas); se o roteiro lhe impõe guinadas constantemente previsíveis, esse fator, contudo, vem carregado de intrigante originalidade.

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