Dirigido por Robert Mulligan (de “O Verão de
42”), este filme conquistou três prêmios Oscar em 1963, embora seja
essencialmente lembrado pelo de Melhor Ator conferido a um altivo e magistral
Gregory Peck no emblemático papel do advogado Atticus Finch.
Todavia, ao vermos o filme podemos constatar
que são as crianças, a menina Scout e o garotinho Jem (Mary Badham e Philip
Alford, a menina, inclusive, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante foi
a mais jovem atriz indicada ao prêmio de sua época), os personagens principais
do filme de fato: É pelo ponto de vista deles que tudo se desenrola, inclusive,
sendo mostrado Atticus, seu pai, numa idealização de serenidade adulta e
retidão moral de tal maneira impecável que só poderia mesmo corresponder à
visão inocente de uma criança.
Adaptação do premiado livro de Harper Lee, o
filme se passa no ano de 1932, no estado do Alabama. Se os EUA ainda
experimentavam as severas consequências da Grande Depressão, no sul do país,
essas atribulações ainda tinham o agravante da segregação racial que, nas
décadas que precederam a luta pelos direitos civis, se mostrava mais forte do
que nunca.
É lá onde Atticus, um advogado viúvo e pai de
dois filhos, luta para manter a integridade e a honestidade mesmo diante das
mais atrozes circunstâncias a fim de prover à Scout e a Jem um exemplo familiar
sólido e perene.
As coisas começam a se complicar para a família
quando Atticus é indicado pelo Juiz da cidade como advogado de defesa de Tom Robinson
(Brock Peters), um homem negro julgado pela acusação de estupro de uma jovem
branca.
Para a segregada comunidade e sua mentalidade
racista, o julgamento é uma formalidade desnecessária e o veredicto, uma
certeza: Todos creem que Robinson é culpado e, por ter assumido, por lei e por
dever, a defesa dele, hostilizam Atticus e seus filhos.
As percepções distintas do que é o mal, a
responsabilidade e a verdadeira firmeza de caráter são as bases em torno do
qual este notável conto moral de desenvolve –e muitas de suas ramificações se
encontram também na participação do personagem de Robert Duvall (em seu
primeiro papel no cinema), breve, porém, significativo, para com a construção
da compreensão verdadeira das crianças acerca do certo e do errado.
Um grande trabalho, inclusive pela esmerada e
brilhante construção climática de muitas cenas, “O Sol É Para Todos” pode ter
envelhecido em alguns aspectos, ainda que se possa afirmar que é, nesse
anacronismo assumido que sua mensagem final encontra uma de suas maiores forças
–contudo, ele entra mesmo na seleta lista das grandes obras do cinema por
trazer não somente um personagem tão humanista quando espetacular como Atticus
Finch, como também por proporcionar ao fenomenal ator que o interpreta, o
grande Gregory Peck, a chance de entregar uma das mais preciosas e emocionantes
atuações de sua carreira.
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