Há que se prestigiar o esforço do ator Vince
Vaughn para demonstrar versatilidade em sua filmografia: Entre tentativas
muitas vezes válidas como intérprete sério (o competente “Confronto No Pavilhão 99” e a irregular 2ª temporada da série “True Detective”), ele normalmente cede
ao gênero pelo qual ficou mais conhecido do grande público, a comédia.
“De Repente, Pai” é a inevitável refilmagem
norte-americana do sucesso canadense “Meus 533 Filhos” que amparava-se na
habilidade extraordinária e no timing cômico peculiar de Patrick Huard.
Na falta de uma presença tão catalisadora, a
refilmagem investe um pouco menos no humor para encontrar assim os desdobramentos
agridoces em sua premissa resultando assim numa comédia dramática.
David (Vince Vaughn) é um adulto incapaz de pôr
ordem em sua vida. Em meio ao emprego que mal consegue manter como entregador
de carne no açougue do próprio pai, o assédio constante de agiotas para quem
deve dinheiro e ao namoro algo relutante que mantem com a policial Emma (a
linda Cobie Smulders, de “Vingadores” e da série “How I Meet Your Mother”), ele
descobre que, com a gravidez dela, será pai.
Entretanto, a revelação realmente bombástica
vem logo depois: Em meados dos anos 1990, David foi fornecedor de uma clínica
da inseminação artificial a fim de juntar um bom dinheiro para pagar uma viagem
à família, e durante um tempo considerável, ele foi o único doador ativo –o que
torna ele pai de centenas de jovens que atualmente entraram em conjunto na
Justiça para saber sua identidade por trás da alcunha anônima de ‘Starbuck’
(!).
Lembrado a todo momento por seu advogado e
amigo Brett (o divertido Chris Pratt, mais rechonchudo, antes de “Guardiões da
Galáxia”) das complicações inerentes ao caso, David não resiste à vontade de
conhecer pouco a pouco (e um a um) alguns desses ‘filhos’. E assim, de visita
em visita, vai inadvertidamente intervindo em pequenos momentos da vida de
todos eles –salva a vida da ex-viciada Kristen (Britt Robertson); auxilia o
aspirante a ator Josh (Jack Raynor) a comparecer numa audição; enaltece as
apresentações do músico de rua Adam (Dave Patten), proporciona companhia ao
deficiente Ryan (Sébastien René); e até busca satisfazer a carência do intelectual
Viggo (Adam Chanler-Berat) –tornando-se quase uma espécie de anjo da guarda.
Até mesmo a caracterização de Vince Vaughn, trajando uma mesma combinação de
roupas durante todo o filme, sugere nele uma espécie de ‘vestimenta de
super-herói’.
Nem todas as manobras do
filme funcionam –e ainda que seja dirigido pelo mesmo Ken Scott que realizou o
original canadense, ele certamente perde de longe para sua flagrante
espontaneidade –mas, é o tipo de produção que ganha o expectador pela simpatia
da premissa básica e seus incomuns desenlaces familiares e pela despretensão
natural que pulsa de um projeto assim.
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