segunda-feira, 8 de abril de 2019

Aeroporto

Famoso exemplar dos filmes catástrofes dos anos 1970 (certamente o período áureo desse subgênero), “Aeroporto” deu origem a uma nova enxurrada de produções similares e a uma série de continuações que foram, cada vez mais, abraçando a tendência mirabolante de tais produções –este primeiro trabalho, no entanto, beneficiou-se de um prestígio tal na época de seu lançamento que chegou a concorrer (e ganhar) alguns Oscar!
É inverno. O quê acarreta problemas de ordem climática no Lincoln International Airport; as pistas se enchem rapidamente de neve, complicando o pouso e a decolagem de vários aviões cheios de passageiros. Numa das primeiras cenas vemos um boeing aterrissar e acabar com seu trem de pouso atolado na neve.
Dessa forma, entra em cena Mel Bakersfeld (o grande Burt Lancaster), o diretor de operações que gerencia o Lincoln International. O aeroporto não pode dispor de uma pista –inúmeros vôos têm de partir e chegar –e a situação requer assim uma resolução rápida antes que as coisas se compliquem.
Bakersfeld de pronto já sabe que a urgência desse incidente pede por medidas mais emergenciais: Ele sabe que deve chamar o tarimbado Joe Patroni (George Kennedy), dotado do raro dom de tirar de letra crises homéricas com providências práticas, objetivas e imediatas.
Como no livro de Arthur Hailey de onde se inspira, o filme se alterna entre os problemas técnicos e logísticos do aeroporto e os transtornos pessoais de seus funcionários, tendo o protagonista Bakersfeld como foco principal: Além de aguentar as queixas constantes da esposa, deixada sempre de lado em função das urgências de seu ofício, ele precisa lidar com sua paixão secreta pela assistente Tanya (Jean Seberg).
Todavia, o assunto onde o filme quer chegar –com deliberada enrolação –é na situação extrema em que um passageiro adentra um dos aviões portando uma bomba; sua intenção é explodir-se em pleno vôo para que a esposa receba o seguro de vida (!).
O piloto do avião, vivido por Dean Martin, e mais a sua tripulação (que inclui a sua amante aeromoça interpretada por Jacqueline Bisset), têm a ingrata missão de tentar salvar todos os passageiros depois que a bomba é detonada, comprometendo a fuselagem e integridade do avião: O único jeito é regressar e tentar uma arriscadíssima aterrissagem forçada no Lincoln International Airport, desde que a pista que foi obstruída pela neve lá no início seja liberada com Patroni e sua equipe conseguindo remover o boeing atolado a tempo antes do desastre.
Ameno no que diz respeito à ameaça palpável que se espera num típico ‘disaster-movie’ –ao contrário deste, os filmes posteriores da franquia se concentravam muito mais no acidente aéreo do que nas situações do aeroporto –e dirigido por George Seaton com um misto de empenho e burocracia (sua manobra narrativa mais incomum é a divisão de telas típica de obras dos anos 1970 que mostra, num mesmo quadro, várias situações se desenrolando simultaneamente), “Aeroporto” conquistou grande sucesso de público e satisfatório apreço da crítica que pareceu não incomodar-se com as fortes características de dramalhão impregnadas em sua premissa.
Hoje, seu tom realista quase passa despercebido dos expectadores atuais, visto que ele já rendeu tantas imitações e, principalmente, paródias como a descarada série “Apertem Os Cintos, O Piloto Sumiu”, que dele extrai sequências e diálogos inteiros! 

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