Lançado em 1970, este “Colossus 1980” faz um paralelo interessante com “Geração Proteus”, de Donald Cammel: Ambos versam sobre computadores avançadíssimos e fora de controle, e ambos vislumbram –não despidos de considerável pessimismo –os percalços experimentados por seres humanos ao se submeterem aos ditames de uma inteligência artificial.
Se “Geração Proteus” voltava-se ao flagelo da
mulher e às questões existenciais a envolver a geração da vida, “Colossus” se
debruça sobre as questões práticas e políticas, de ordem global, a pesar sobre
o panorama mundial.
Na cena que inicia o filme, o protagonista, Dr.
Charles Forbin (Eric Braeden, de “100 Rifles”) completa a realização do projeto
de sua vida: Um computador super-avançado denominado Colossus. Na cena
seguinte, o Dr. Forbin já está na Casa Branca, ao lado do presidente dos EUA
(Gordon Pinsent, de “Chegadas e Partidas”), junto do qual anuncia para todo o
mundo, em um pronunciamento, a existência de tal máquina. Devido ao fato de não
possuir emoções humanas, Colossus irá
gerenciar todo o poderio bélico norte-americano, e as decisões cruciais acerca
da segurança da nação estarão sujeitas a sua lógica impecável.
A ideia é recebida com entusiasmo por todos,
mas, logo nos primeiros minutos de seu funcionamento, Colossus já se revela
imprevisível e surpreendente: Ele detecta, de imediato, uma inteligência
artificial em seus mesmos moldes, prestes a ser ativada na URSS (!), seu nome,
Guardian.
Sob a tensão característica da Guerra Fria, EUA
e URSS iniciam um diálogo cheio de desconfianças, potencializado pelo fato de
que têm, ambos, a jurisdição de duas máquinas pouco preocupadas com os
minimalismos humanos. Ao interpretar ao pé da letra uma recado mais acalorado
do presidente americano, Colossus acaba bombardeando uma cidade soviética.
Deixando as duas potências em alerta vermelho. Por baixo dos panos, uma
tentativa de desligar os dois supercomputadores é planejada, entretanto, dotado
de um pensamento estrategista projetado para evoluir dia a dia, Colossus
antecipa esses planos e coloca sob vigilância 24 horas o único homem capaz de
pensar num meio de sobrepujá-lo: O próprio Dr. Forbin.
A situação que acaba sendo criada é um tanto
curiosa: Com câmeras e microfones apontados para sí o tempo todo, Dr. Forbin
precisa fingir que um dos membros de sua equipe é sua amante; no caso, a bela
Dra. Cleo Markham (Susan Clark, de “Aeroporto”). Só assim, ele convence
Colossus de que, sob a justificativa dos desejos primários do ser humano, ele e
ela possam ter alguns momentos de privacidade –sem câmeras e microfones ligados
–para poderem trocar informações acerca dos planos em progresso do sorrateiro
desligamento de Colossus; o que inclui, antes de mais nada, desativar de alguma
forma, as ogivas nucleares sob seu comando.
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