sexta-feira, 2 de julho de 2021

Colossus 1980


 Lançado em 1970, este “Colossus 1980” faz um paralelo interessante com “Geração Proteus”, de Donald Cammel: Ambos versam sobre computadores avançadíssimos e fora de controle, e ambos vislumbram –não despidos de considerável pessimismo –os percalços experimentados por seres humanos ao se submeterem aos ditames de uma inteligência artificial.

Se “Geração Proteus” voltava-se ao flagelo da mulher e às questões existenciais a envolver a geração da vida, “Colossus” se debruça sobre as questões práticas e políticas, de ordem global, a pesar sobre o panorama mundial.

Na cena que inicia o filme, o protagonista, Dr. Charles Forbin (Eric Braeden, de “100 Rifles”) completa a realização do projeto de sua vida: Um computador super-avançado denominado Colossus. Na cena seguinte, o Dr. Forbin já está na Casa Branca, ao lado do presidente dos EUA (Gordon Pinsent, de “Chegadas e Partidas”), junto do qual anuncia para todo o mundo, em um pronunciamento, a existência de tal máquina. Devido ao fato de não possuir emoções humanas, Colossus  irá gerenciar todo o poderio bélico norte-americano, e as decisões cruciais acerca da segurança da nação estarão sujeitas a sua lógica impecável.

A ideia é recebida com entusiasmo por todos, mas, logo nos primeiros minutos de seu funcionamento, Colossus já se revela imprevisível e surpreendente: Ele detecta, de imediato, uma inteligência artificial em seus mesmos moldes, prestes a ser ativada na URSS (!), seu nome, Guardian.

Sob a tensão característica da Guerra Fria, EUA e URSS iniciam um diálogo cheio de desconfianças, potencializado pelo fato de que têm, ambos, a jurisdição de duas máquinas pouco preocupadas com os minimalismos humanos. Ao interpretar ao pé da letra uma recado mais acalorado do presidente americano, Colossus acaba bombardeando uma cidade soviética. Deixando as duas potências em alerta vermelho. Por baixo dos panos, uma tentativa de desligar os dois supercomputadores é planejada, entretanto, dotado de um pensamento estrategista projetado para evoluir dia a dia, Colossus antecipa esses planos e coloca sob vigilância 24 horas o único homem capaz de pensar num meio de sobrepujá-lo: O próprio Dr. Forbin.

A situação que acaba sendo criada é um tanto curiosa: Com câmeras e microfones apontados para sí o tempo todo, Dr. Forbin precisa fingir que um dos membros de sua equipe é sua amante; no caso, a bela Dra. Cleo Markham (Susan Clark, de “Aeroporto”). Só assim, ele convence Colossus de que, sob a justificativa dos desejos primários do ser humano, ele e ela possam ter alguns momentos de privacidade –sem câmeras e microfones ligados –para poderem trocar informações acerca dos planos em progresso do sorrateiro desligamento de Colossus; o que inclui, antes de mais nada, desativar de alguma forma, as ogivas nucleares sob seu comando.

Diretor hábil e experiente de uma imensa variedade de filmes, Joseph Sargent adapta o livro de D.F. Jones com a propriedade de quem já manuseou (e ainda viria a manusear) outros argumentos a envolver a guerra e o apocalypse (ele realizou “Os Senhores do Holocausto” em 1989, e “II Guerra Mundial-Quando Os Leões Rugem”, em 1994, entre outros). Sua condução austera, quase documental, soa apropriada na maior parte do tempo, ainda que o pouco aprofundamento em seus personagens humanos –incluindo seu protagonista –em prol da construção impecável da grande tensão no âmbito político mundial acabe minimizando grande parte do efeito de seu suspense.

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