segunda-feira, 22 de abril de 2019

Minha Vida

Tendo obtido diversas indicações ao Oscar (e saído com os prêmios de Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz Coadjuvante debaixo do braço), além da gorda bilheteria, com sua primeira incursão num cinema mais sério e açucarado com “Ghost-Do Outro Lado da Vida”, era natural que o comediante Jerry Zucker tentasse mais uma vez.
E ele procurou não mexer muito na receita: Aqui está ele novamente, desta vez produzindo (ao invés de dirigir) um roteiro do esotérico Bruce Joel Rubin (que aproveita o ensejo para estrear como diretor) também ele versando sobre vida, morte e desapegos afetivos.
Diferente de “Ghost”, no entanto, “Minha Vida” não se beneficia das mesmas sacadas inspiradas e certeiras.
Michael Keaton é Bob cuja vida adulta –a despeito das frustrações de infância inerentes a todos nós –é privilegiada: Empresário bem-sucedido, casado com a bela Gail (Nicole Kidman, ainda pouco conhecida) e está prestes a ser pai pela primeira vez.
Seus planos de vida são, no entanto, tolhidos com a descoberta de um câncer terminal.
Os médicos lhe dão poucos meses de vida; não o suficiente para que possa ver seu filho nascer. No entanto, Bob está decidido a usar de todos os recursos para estender sua vida pelo menos até o nascimento da criança e a reconciliação de todas as suas indisposições familiares –para tanto, ele se vale da medicina oriental, aqui personificada por um curandeiro imerso em clichês do gênero vivido por Haing S. Ngor (de “Os Gritos doSilêncio”).
Para depois de sua partida, Bob também tem um plano: Grava uma infinidade de fitas de vídeo com conselhos variados para o filho. Se não vai conhece-lo, Bob vai tentar se fazer conhecer, e grava depoimentos que vão da praticidade cotidiana ao intimismo reflexivo.
No entendimento testado e comprovado de que pode emocionar a plateia, em virtude de sua realização conjunta anterior, Rubin e Zucker ostentam aqui um pouco de soberba e pretensão –elementos que tornam seu trabalho superficial e nada espontâneo.
Comovente mesmo é o empenho de elenco em capturar as nuances emocionais da trama e dos personagens.

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