Amigo de longa data de Steve Sodenbergh, o
diretor Gary Ross (de “Seabiscuit” e “Jogos Vorazes”), não pestanejou quando
surgiu-lhe a oportunidade de reverenciar a mais lucrativa e bem-sucedida
realização dele: O formidável filme de assalto “Onze Homens e Um Segredo” que
refilmava com pompa e circunstância um filme estrelado por Frank Sinatra e
rendeu toda uma trilogia de relativo sucesso.
A nova versão de Ross pega carona num esforço
artístico em Hollywood em enaltecer protagonistas femininas, e é a partir desse
ímpeto que chegamos à personagem de Debbie Ocean (Sandra Bullock), não só irmã
do protagonista Danny Ocean vivido por George Clooney, mas também introduzida
de modo muito semelhante a ele próprio no primeiro filme.
Debbie sai da cadeia após uma pena de cinco
anos. E sai com um plano meticulosamente arquitetado. Ainda nebuloso (embora
maiores informações não tardem a chegar), o plano de Debbie não deixa
imediatamente claro os detalhes de sua execução e nem, no fim das contas, os
objetivos verdadeiros por trás dele.
É no andamento característico de um filme
clássico de assalto –e que Sodenbergh soube executar como ninguém –que o
diretor Ross demonstra estar se esbaldando: Ele saboreia cada etapa, desde o
recrutamento das aliadas até o planejamento do golpe e, por fim, sua tensa e
inquieta realização.
Na primeira dessas etapas, ele introduz o
elenco notável que conseguiu arranjar: Além de Bullock (cuja excessiva sisudez
da protagonista atrapalha suas chances de revelar-se simpática), há também Cate
Blanchett como Lou, a aliada N° 1 de Debbie; a divertida Helena Bonham-Carter
como a estilista Rose Weil; a prestidigitadora Constance (Awkwafina), capaz de
roubar um relógio de pulso debaixo do nariz do dono; a hábil hacker Bola 9 (a
cantora Rihanna); a especialista em jóias Amita (Mindy Kaling) e a comparsa
Tammy (Sarah Paulson).
A intenção é roubar um colar de diamantes de
valor vultuoso durante as festividades do Baile Met Gala, em Nova York, repleto
de celebridades.
Uma dessas celebridades vem a ser Daphne Kluger
(Anne Hathaway, a mais sensual, mas também a mais histriônica do elenco) que o
grupo reunido em torno de Debbie irá tramar para que seja a pessoa a usar o
colar naquela noite. Trajada num vestido desenhado por Rose Weil, observada de
perto pela infiltrada Tammy, e vigiada de perto pelas tecnologias de segurança
que Bola 9 tratará de burlar, ela será, no momento certo, um alvo fácil para as
mãos ágeis de Constance que irá tirar-lhe o colar e passa-lo à Amita (instruída
a desmontá-lo) e à Lou.
Na referência clara e nada
disfarçada que concebe, Gary Ross se coloca, de livre e espontânea vontade,
numa espécie de armadilha: Pelo mesmo formato narrativo que adota, o clima, o ritmo
e a atmosfera similares que evoca, e até por algumas bem-vindas participações
especiais (Elliot Gould e Qin Shaobo marcam presença, e bem que George Clooney
podia ter aparecido também...), tudo em seu filme faz lembrar “Onze Homens...”
e, por consequência, com ele ser comparado –e por esse prisma, o filme de Ross,
ainda que simpático e gracioso, não chega aos pés da excelência da obra de
Steve Sodendbergh.
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