A atriz Elizabeth Banks é o tipo de
profissional que ocupou Hollywood pelas beiradas. Sem consolidar-se como
estrela, ela foi galgando papéis menores de coadjuvante em boas produções até
ganhar algum destaque; uma de suas primeiras aparições foi na “Trilogia
Homem-Aranha”, de Sam Raimi, no papel de Betty Brant, ela apareceu também em
“Seabiscuit-Alma de Herói”, e vários outros filmes depois, até descolando
protagonismo em alguns, como “W”, de Oliver Stone.
Embora seja bastante lembrada pela Effie
Trinket, de “Jogos Vorazes”, ou pela Rita Repulsa, de “Power Rangers”, muitos a
associam ao gênero de comédia, talvez pelas participações (menor) em “O Virgem
de 40 Anos” e (maior) em “Pagando Bem Que Mal Tem”.
É essa faceta comediante –nunca devidamente
justificada, verdade seja dita –que a atriz tenta empurrar ao público nesta sua
primeira tentativa em segurar um filme inteiro nas costas, como estrela de
fato.
Para exercer a função que exerce (a de veículo
para sua protagonista), o filme é definido por clichês: Elizabeth interpreta
Meghan Milles, âncora de telejornal que disputa uma vaga num canal de maior
expressão.
É perfeitamente previsível sua desilusão para
com esse intento (ela perde a vaga) e, na sequência, a decisão de mandar às
favas o obstinado papel de boa moça para extravasar numa noitada com as amigas
–incentivada, ainda por cima, pelo súbito rompimento com o noivo.
Assim como é também previsível a reviravolta na
manhã seguinte, quando deve voltar à emissora para ser reavaliada e tentar uma
nova chance para obter o emprego de sua vida. Entretanto, Meghan acorda no
apartamento de um estranho (vivido por James Marsden, o Ciclope da primeira
geração dos “X-Men”), com uma irrisória minissaia amarela –na qual todos a
tomam por garota de programa (!) –no meio de um bairro suburbano, sem carro
(foi guinchado), sem celular (ela esqueceu dentro do apartamento do dito cujo)
e sem dinheiro.
O objetivo de Meghan –que nem fica muito claro
assim –neste arremedo feminista e bem menos coerente de “Depois de Horas”, de
Martin Scorsese, é encontrar um meio de singrar esse subúrbio cheio de
encrencas a espreitar a cada esquina, e chegar até a emissora de TV em tempo
hábil e com a sua imagem de boa moça intacta; tarefas que, ao longo do filme, é
igualmente previsível que Meghan encontrará sucessivas dificuldades em
cumprir.
Embora Elizabeth Banks, e até mesmo o simpático
James Marsden, levem jeito para comédia, nenhum deles rende satisfatoriamente
aqui, em grande parte porque a narrativa força uma alternância cândida entre um
humor aflitivo e uma simpatia agridoce no objetivo de chegar a um desfecho
cheio de moralismo –e eis aí outro ponto previsível.
Indo de encontro a tantas boas intenções, o
filme do diretor Steve Brill se esquece de provocar o expectador com aquele
saudável ímpeto de atrevimento e certa rebeldia que configuram as entrelinhas
nas premissas de algumas das melhores comédias desse estilo –aquele no qual os
protagonistas precisam passar por toda uma odisséia frequentemente surreal para
chegar bem-sucedidos e vitoriosos do outro lado, e no processo fazer rir ou
pensar (ou ambos). Dessa categoria fazem parte, além de “Depois de Horas”, o
ótimo “Não Tenho Troco”, de Bill Murray.
Percebe-se assim que, na
comparação, o raso filme estrelado por Elizabeth Banks fica num saldo bem
negativo.
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