No objetivo que normalmente almeja um
documentário, o filme realizado por Bill Couturie é certeiro: Não tarda a
provocar no expectador sentimentos de indignação, de perplexidade conforme dele
vai se inteirando seu assunto principal, a Guerra do Vietnam.
A fonte que Couturie utiliza é de um frescor e
uma sinceridade inquestionáveis: São as cartas enviadas por soldados americanos
que serviram no Vietnam endereçadas às suas famílias.
Um elenco numeroso e espetacular de astros de
Hollywood (Tom Berenger, Wilen Dafoe, Martin Sheen, Robert De Niro, Robert
Downey Jr., Kathleen Turner, Michael J. Fox, John Savage, Sean Penn, Robin
Williams e outros) garante a devida emotividade aos relatos que determinam,
sozinhos, a narrativa do filme.
A montagem intercala de maneira linear e
responsável os noticiários da época (rádio e TV), com filmagens ocasionais dos
próprios recrutas no front, fotos e, próximo do fim, até mesmo sequências de um
filme vietnamita.
O que vemos indiretamente é a progressão da
guerra através das impressões subjetivas das pessoas comuns que participaram
dela. A euforia de alguns recrutas pelo oportunidade de representar sua nação e
visitar, com tão pouca idade, um país exótico. O assombro e as tentativas de
adequação com a chegada no campo de batalha. A rotina militar que, a medida que
o conflito se intensifica, logo se torna massacrante. O miasma de emoções
vividos pelos soldados que alternam responsabilidade, medo de morrer, compaixão
para com os colegas e avassaladora saudade de casa. As notícias que dão conta
da postura do governo americano, irredutível
na gestão de Lyndon Johnson, incerta no período de eleições (que incluiu
o assassinato de Bobby Kennedy), e pessimista com a vitória de Richard Nixon;
esse evidente despreparo com a guerra logo gera um sentimento crescente de
indignação no povo americano –sentimento este que as cartas só veem a enfatizar
dando conta, neste ponto do filme, do mais absoluto horror da guerra, e da
certeza amarga de que aqueles jovens (os sobreviventes, ao menos) voltarão
transfigurados e dilacerados física e espiritualmente pela experiência.
Ao expor os fatos sem
nenhuma encenação ou maquiagem, Bill Couturie oferece ao público um retrato
ainda mais brutal, devastador e, apesar de tudo, fascinante da guerra do que
muitos de seus registros ficcionais.
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