Separado da esposa e da filha por vinte anos
enquanto foi prisioneiro do regime totalitário de Cuba, o sonhador Juan Perez
(o sempre bom Alfred Molina) não deixa de ser vítima das imprevisíveis ironias
da vida quando parece enfim aportar nos EUA: Ele é equivocadamente tomado pelo
oficial de imigração como marido da ex-prostituta Dorita (Marisa Tomei,
voluptuosa e insinuante como nunca), já que o sobrenome Perez é relativamente
comum entre os imigrantes.
Para eles, é até conveniente a manutenção do
engano: Famílias numerosas não são deportadas para inumanos abrigos militares e
ainda recebem patrocínio de assistentes sociais voluntários para começar a vida
nos EUA.
É por isso que Dorita passa a procurar 'membros
da família' entre os refugiados, desde o 'papai' (um idoso senil que anda nu e
sobe em locais altos) até o 'filho do casal' (um menino órfão já familiarizado
com a malandragem dos subúrbios).
Do outro lado desta trama de encontros e
desencontros, a esposa verdadeira de Juan, Carmella (Anjelica Huston) e sua
filha Teresa (Trini Alvarado, de “Os Espíritos”) tentam –mas, nunca conseguem
–reencontrá-lo, e a desilusão resultante começa a empurrar Carmella para os
braços do pretendente mais próximo, o detetive Pirelli (Chazz Palminteri).
A diretora indiana Mira Nair não esconde, em
sua filmografia, o apreço por temas e indivíduos marginalizados, é pena que ela
use desse interesse criativo para fazer aqui uma mera comédia romântica; sim,
porque por mais que hajam subterfúgios inesperados (como a repentina morte de
um dos personagens) nada esconde o fato de que tudo conspira para que o amor vá
brotar entre Juan e Dorita.
Ao menos, Mira Nair se
beneficia de presenças formidáveis que aumentam o interesse pelo filme, como a
vulcânica Marisa Tomei, a encantadora Anjelica Huston e os charmosos Alfred
Molina e Chazz Palminteri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário