A carreira de Akiva Goldsman tem vários altos e
baixos: Se por um lado foi responsável pelo roteiro de “Batman & Robin”, de
Joel Schumacher, um dos piores filmes já lançados na década de 1990, por outro,
ele conquistou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por seu bom trabalho no
elogiado “Uma Mente Brilhante”, de Ron Howard.
Os acertos de sua trajetória, certamente mais
do que os erros, o encorajaram a estrear também como diretor neste filme cuja
trama, baseada no livro de Mark Helprin, ele cultivou por muito tempo. Sua
longeva experiência na indústria arregimentou cintilantes participações de
famosos para a produção –presenças que saltam aos olhos ao longo do filme.
Num prólogo que já deixa claro o tráfego da
história por distintas épocas, descobrimos que o jovem orfão Peter Lake (Colin
Farrell) é um ladrão na Nova York de 1916.
Perseguido pelo gangster que fora seu antigo
contratador, Pearly Soames (Russell Crowe, demoníaco), ele tem a vida salva de
modo bastante surreal por um cavalo branco (!) –é necessário que o expectador
aceite de antemão a atmosfera mágica que envolve os desdobramentos de todo o
filme a partir daí, caso contrário, corre o risco de ficar muito irritado.
Em sua fuga de Nova York, o reduto de Pearly,
Peter encontra a jovem Beverly Penn (Jessica Brown Findlay, tão embriagada pela
natureza lúdica da personagem que parece interpretar sob efeito de
alucinógenos) e por ela se apaixona.
Mas, Beverly está morrendo de tuberculose. Em
sua esperança, Peter anseia por um milagre, no entanto, os recursos satânicos
de Pearly –que negocia com o próprio Lúcifer interpretado por Will Smith
–sabotam as chances de seu amor por Beverly acontecer.
Ela morre, o que mergulha Peter numa amnésia
que o transforma num mendigo sem identidade em Nova York ao longo de quase 100
anos (!).
Até que suas memórias são reavivadas por uma
garotinha que padece de câncer. A mãe dela, Virginia (Jennifer Connelly), uma
jornalista, passa a ajudar Peter na tentativa de compreender as razões, um
tanto incompreensíveis, do porque sua existência desafia o tempo –e do porque
ele ainda tem uma tarefa a cumprir.
Munido de um produção
requintada –na qual a passagem do tempo é registrada, sobretudo, numa direção
de arte prodigiosa –Akiva Goldsman moldou um drama romântico de elementos
fantásticos que nunca se harmonizam ou fazem sentido em algum momento. As
referências para com a religião embutidas nas caracterizações de santos e
demônios (nunca, porém, denominados assim) supostamente seriam o incremento da
faceta sobrenatural da narrativa, mas nada disso, nem o capricho técnico, nem o
ostensivo elenco, ajudam a tornar envolvente seu ritmo lento e monótono, culpa
da completa limitação de seu diretor.
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