sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Um Conto do Destino

A carreira de Akiva Goldsman tem vários altos e baixos: Se por um lado foi responsável pelo roteiro de “Batman & Robin”, de Joel Schumacher, um dos piores filmes já lançados na década de 1990, por outro, ele conquistou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por seu bom trabalho no elogiado “Uma Mente Brilhante”, de Ron Howard.
Os acertos de sua trajetória, certamente mais do que os erros, o encorajaram a estrear também como diretor neste filme cuja trama, baseada no livro de Mark Helprin, ele cultivou por muito tempo. Sua longeva experiência na indústria arregimentou cintilantes participações de famosos para a produção –presenças que saltam aos olhos ao longo do filme.
Num prólogo que já deixa claro o tráfego da história por distintas épocas, descobrimos que o jovem orfão Peter Lake (Colin Farrell) é um ladrão na Nova York de 1916.
Perseguido pelo gangster que fora seu antigo contratador, Pearly Soames (Russell Crowe, demoníaco), ele tem a vida salva de modo bastante surreal por um cavalo branco (!) –é necessário que o expectador aceite de antemão a atmosfera mágica que envolve os desdobramentos de todo o filme a partir daí, caso contrário, corre o risco de ficar muito irritado.
Em sua fuga de Nova York, o reduto de Pearly, Peter encontra a jovem Beverly Penn (Jessica Brown Findlay, tão embriagada pela natureza lúdica da personagem que parece interpretar sob efeito de alucinógenos) e por ela se apaixona.
Mas, Beverly está morrendo de tuberculose. Em sua esperança, Peter anseia por um milagre, no entanto, os recursos satânicos de Pearly –que negocia com o próprio Lúcifer interpretado por Will Smith –sabotam as chances de seu amor por Beverly acontecer.
Ela morre, o que mergulha Peter numa amnésia que o transforma num mendigo sem identidade em Nova York ao longo de quase 100 anos (!).
Até que suas memórias são reavivadas por uma garotinha que padece de câncer. A mãe dela, Virginia (Jennifer Connelly), uma jornalista, passa a ajudar Peter na tentativa de compreender as razões, um tanto incompreensíveis, do porque sua existência desafia o tempo –e do porque ele ainda tem uma tarefa a cumprir.
Munido de um produção requintada –na qual a passagem do tempo é registrada, sobretudo, numa direção de arte prodigiosa –Akiva Goldsman moldou um drama romântico de elementos fantásticos que nunca se harmonizam ou fazem sentido em algum momento. As referências para com a religião embutidas nas caracterizações de santos e demônios (nunca, porém, denominados assim) supostamente seriam o incremento da faceta sobrenatural da narrativa, mas nada disso, nem o capricho técnico, nem o ostensivo elenco, ajudam a tornar envolvente seu ritmo lento e monótono, culpa da completa limitação de seu diretor.

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