Lançado em 1996, filme “Babe-O Porquinho Atrapalhado”
surpreendeu o mundo conquistando público a crítica, e ainda fazendo uma bela
campanha –algo raro para uma produção infantil –no Oscar daquele ano.
A consequência bastante natural aos olhos do
cinema comercial é, portanto, a pronta realização de uma continuação e, em 1998,
aportava o segundo filme estrelado pelo porquinho com pretensões de ser cão
pastor, desta vez, dirigido não por Chris Noonan (que havia sido até indicado
ao Oscar de Melhor Diretor), mas pelo próprio produtor George Miller, famoso
pela realização da Trilogia –agora Quadrilogia –“Mad Max”.
Não obstante essa troca de diretores, pouca
diferença em termos narrativos ou estilísticos se percebe neste novo filme –na
verdade, não se percebe diferença nenhuma!
E isso é, deveras, algo bom: Tão natural e
espontânea é a transição do final do primeiro filme para o começo deste segundo
que a fluidez da narrativa já envolve de imediato o expectador.
Ainda saboreando a espetacular vitória (e fama
súbita) conquistada no Torneio de Cães Pastores, o pequeno porquinho Babe e seu
dono, o fazendeiro Arthur Hoggett (James Cromwell) são pegos de surpresa por um
imprevisto: Um acidente durante um trabalho na fazenda que impossibilita-o de
fazer as viagens de apresentação previstas no contrato do torneio.
Com a hipoteca da fazenda quase chegando ao
vermelho, é a própria Sra, Hoggett (Magda Szubanski) quem tem de se prontificar
para levar o porquinho aos compromissos determinados, e garantir a remuneração
que pode salvar a fazenda.
George Miller, contudo, não polpa os
contratempos que se abatem sobre seus protagonistas instaurando sutilmente um
caos que míngua todas as prioridades: Os compromissos devem ser honrados –pois,
não demora Babe e Sra. Hoggett terem complicações que os detêm ali mesmo no
aeroporto.
Nem ela, nem Babe (ambos habituados à vida
pacata na fazenda) desejam se aventurar demais pela cidade grande –pois, sem
voos para ir ao local marcado, nem para voltar para casa, ambos terão de se
virar nas dependências de um hotel muito questionável do subúrbio (o único que
aceita inquilinos com animais).
A única instrução do fazendeiro Hoggett à sua
esposa foi “Tome conta do porquinho!” –pois é exatamente de Babe que as
circunstâncias levarão a aflita Sra. Hoggett a se perder: Primeiro, porque Babe
encontra um grupo de chimpanzés cheios de segundas intenções (que trabalham
para uma espécie de palhaço-ilusionista vivido pelo veterano Mickey Rooney), e
depois embarca em uma jornada tortuosa que o leva a tentar proteger todo um
grupo de animais desamparados; gatos, cachorros, os ratinhos cantores do filme
original, o pato Ferdy (que retorna para auxiliar o seu “porco da sorte”) e os
próprios chimpanzés, todos eles sofrendo o descaso reservado aos animais
perdidos de uma cidade grande.
Imbuído de uma contundência admirável na
condução da trama, o diretor Miller não se furta de oferecer momentos intensos,
tensos e extenuantes que reforçam ainda mais as implicações morais deste
segundo filme na comparação com a simplicidade lúdica do primeiro, razões que
(aos olhos da crítica) podem ter servido para esta continuação não ter a mesma
repercussão tão largamente positiva do original.
Não importa: “Babe-O
Porquinho Atrapalhado Na Cidade” é tão genial quanto seu filme antecessor e,
como sequência, acrescenta com louvor novas camadas de aventura e significado à
brilhante execução técnica repetida aqui.
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