terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Babe - O Porquinho Atrapalhado Na Cidade

Lançado em 1996,  filme “Babe-O Porquinho Atrapalhado” surpreendeu o mundo conquistando público a crítica, e ainda fazendo uma bela campanha –algo raro para uma produção infantil –no Oscar daquele ano.
A consequência bastante natural aos olhos do cinema comercial é, portanto, a pronta realização de uma continuação e, em 1998, aportava o segundo filme estrelado pelo porquinho com pretensões de ser cão pastor, desta vez, dirigido não por Chris Noonan (que havia sido até indicado ao Oscar de Melhor Diretor), mas pelo próprio produtor George Miller, famoso pela realização da Trilogia –agora Quadrilogia –“Mad Max”.
Não obstante essa troca de diretores, pouca diferença em termos narrativos ou estilísticos se percebe neste novo filme –na verdade, não se percebe diferença nenhuma!
E isso é, deveras, algo bom: Tão natural e espontânea é a transição do final do primeiro filme para o começo deste segundo que a fluidez da narrativa já envolve de imediato o expectador.
Ainda saboreando a espetacular vitória (e fama súbita) conquistada no Torneio de Cães Pastores, o pequeno porquinho Babe e seu dono, o fazendeiro Arthur Hoggett (James Cromwell) são pegos de surpresa por um imprevisto: Um acidente durante um trabalho na fazenda que impossibilita-o de fazer as viagens de apresentação previstas no contrato do torneio.
Com a hipoteca da fazenda quase chegando ao vermelho, é a própria Sra, Hoggett (Magda Szubanski) quem tem de se prontificar para levar o porquinho aos compromissos determinados, e garantir a remuneração que pode salvar a fazenda.
George Miller, contudo, não polpa os contratempos que se abatem sobre seus protagonistas instaurando sutilmente um caos que míngua todas as prioridades: Os compromissos devem ser honrados –pois, não demora Babe e Sra. Hoggett terem complicações que os detêm ali mesmo no aeroporto.
Nem ela, nem Babe (ambos habituados à vida pacata na fazenda) desejam se aventurar demais pela cidade grande –pois, sem voos para ir ao local marcado, nem para voltar para casa, ambos terão de se virar nas dependências de um hotel muito questionável do subúrbio (o único que aceita inquilinos com animais).
A única instrução do fazendeiro Hoggett à sua esposa foi “Tome conta do porquinho!” –pois é exatamente de Babe que as circunstâncias levarão a aflita Sra. Hoggett a se perder: Primeiro, porque Babe encontra um grupo de chimpanzés cheios de segundas intenções (que trabalham para uma espécie de palhaço-ilusionista vivido pelo veterano Mickey Rooney), e depois embarca em uma jornada tortuosa que o leva a tentar proteger todo um grupo de animais desamparados; gatos, cachorros, os ratinhos cantores do filme original, o pato Ferdy (que retorna para auxiliar o seu “porco da sorte”) e os próprios chimpanzés, todos eles sofrendo o descaso reservado aos animais perdidos de uma cidade grande.
Imbuído de uma contundência admirável na condução da trama, o diretor Miller não se furta de oferecer momentos intensos, tensos e extenuantes que reforçam ainda mais as implicações morais deste segundo filme na comparação com a simplicidade lúdica do primeiro, razões que (aos olhos da crítica) podem ter servido para esta continuação não ter a mesma repercussão tão largamente positiva do original.
Não importa: “Babe-O Porquinho Atrapalhado Na Cidade” é tão genial quanto seu filme antecessor e, como sequência, acrescenta com louvor novas camadas de aventura e significado à brilhante execução técnica repetida aqui.

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