sábado, 18 de abril de 2020

O Turista

A celebrada parceria entre Johnny Depp e Angelina Jolie não chega a explodir em cena nesta refilmagem do francês "Anthony Zimmer-A Caçada", que tinha a seu favor, além da beleza da francesa Sophie Marceau, a naturalidade que normalmente a obra original tem em comparação à estrutura invariavelmente engessada de sua refilmagem.
A história é seguida à risca. Nela, um professor norte-americano (vivido com a perplexidade minimalista de sempre por Johnny Depp), em viagem pela Europa, é colhido numa trama mirabolante: Vigiada de perto pela Interpol, mulher sedutora ao estilo femme fatale (vivida com a auto-consciência de sua própria persona por Angelina Jolie), deve desviar a atenção das autoridades da nova identidade de seu marido criminoso, que fez uma cirurgia plástica e tem, segundo consta, um novo rosto que ninguém conhece.
Para tanto, ela seduz o tal professor de modos a fazê-lo parecer o próprio homem procurado aos olhos dos policiais. Em visita turística à cidade de Veneza (que substitui com pompa e circunstância a ambientação européia mais aleatória do filme original) pobre homem terá muitas dores de cabeça, ainda que a atração por ela talvez seja grande o suficiente para ele manter propositadamente o embuste.
O diretor alemão Florian Henckel Von Donnersmarck (do oscarizado “A Vida dos Outros”) parece ligeiramente consciente do lapso inevitável de sua narrativa: Calcada em sucessivas reviravoltas (que já soavam mirabolantes do filme francês!), a produção hollywoodiana encontra dificuldade em trabalhar essas expectativas, sobretudo, diante do fato de que, no outro filme, tais revelações foram sendo acrescentadas na trama ao sabor dos improvisos e da realização, enquanto que aqui baseia-se somente no filme já feito, para dele extrair uma obra norte-americana.
A velha preguiça de ler legendas...
A direção assim opta pelo incremento do visual, das imagens de cartão-postal (é, afinal, Veneza!), dos valores de produção e da ênfase em seu casal protagonista estelar, afastando-se bastante do tom despretensioso do filme anterior.
É, assim, uma oportunidade para conferir as diferenças abissais que podem acometer dois projetos inspirados praticamente na mesma premissa, mas, tratados de forma completamente distinta.

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