Assim como “O Invisível”, “Blade Trinity” e um ou outro trabalho, o terror “Alma Perdida” é exemplar em mostrar o quanto David Goyer é um roteirista habilidoso em justaposição a um medíocre diretor.
O conceito é, no mínimo, instigante: Embora haja
uma visível referência à “O Exorcista”, o roteiro de Goyer passeia com uma bem
construída escalada de sustos por outras inspirações do gênero –como casas
mal-assombradas e afins –e elabora detalhes interessantes de sua trama, sempre
com impecável consciência de ritmo e clímax. Entretanto, em cada cena pulsa uma
incômoda incapacidade para extrair do elenco a emoção adequada (apesar da
presença de talentos inquestionáveis como Gary Oldman e Idris Elba), e uma
ocasional evidência na qual se percebe que ele não sabe o que fazer com uma
produção tão endinheirada; em suma, uma direção cheia de limitações.
Acompanhamos assim a jovem Casey (Odette
Yustman, de “Cloverfield-Monstro”) que descobre-se, de repente, perseguida por
uma assombração: Um garotinho tenebroso –aparentemente denominado Jumby –que
lhe prega sobressaltos nas mais inesperadas situações; e nesse sentido, o filme
não consegue definir a sensação de medo ao expectador, exceto pelos habituais jumpscares (os sustos súbitos e abruptos
que acometem a todo e qualquer terror genérico).
Investigando a fonte de seus tormentos, Casey
descobre que teve um irmão gêmeo, morto enquanto ainda estava na barriga da
mãe, e que, de uma certa forma, é esse espírito, imbuído de maldade, que agora
quer atormentá-la, procurando um meio de passar do mundo dos mortos para os
vivos.
Para o filme que é, e que vemos durante toda a
duração –com seus prós e contras bem estabelecidos –“Alma Perdida” poderia
perfeitamente contentar-se com essa descrição, visto que jamais consegue ir
além do comum em sua capacidade de assustar, mas o roteiro de Goyer insiste em
introduzir novos elementos que vão desde reminiscências históricas que remetem
ao Holocausto, detalhes que mesclam assombrações relativamente católicas às
crenças judaicas, e sutis indícios de um mal de proporções cósmicas.
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