Em meados da década de 1960, o mundo e a cultura pop foram tomados de assaltado por um fenômeno conhecido como os Beatles! Parte daquela geração –e, portanto, conhecedores profundos da euforia e do entusiasmo que caracterizava aqueles jovens –o roteirista Bob Gale, o diretor Robert Zemeckis e o produtor Steven Spielberg tiveram, no final dos anos 1970, a ideia de empregar tal ideia num filme de época que retratava a juventude da década anterior justamente numa vibração que a fazia tão singular; e aos olhos dos expectadores, tão paradoxalmente universal.
“Febre de Juventude” assim sendo relata a
histórica apresentação dos Beatles no Ed Sullivan Show, em Nova York, na noite
de 9 de fevereiro de 1964, marcando a primeira apresentação do grupo em território
norte-americano, tudo isso pelos olhos de seus personagens protagonistas, um
grupo de jovens amigos moradores de Nova Jersey.
As garotas Grace (Theresa Saldana) e Rosie
(Wendy Jo Seperber) não poderiam ser mais aficcionadas por Beatles –o que faz
delas verdadeiras enciclopédias histéricas e ambulantes sobre a banda. Amiga
delas, Pam (Nancy Allen, atriz dos primeiros filmes de Brian De Palma) quer
valorizar mais o noivado que os ídolos –sem, porém, muita convicção. As três
têm uma ideia de como adentrar o Hotel Plaza e chegar até o famoso quarteto: A
bordo de uma limusine, único tipo de veículo que não é revistado por policiais.
Entra em cena, portanto, o jovem Larry (Marc McClure, o Jimmy Olsen de
“Superman-O Filme”), interessado em Grace e que, por conta disso, providencia
uma das limusines de aluguel de seu pai para fazer as vontades da garota. Todos
eles, mais Janis (Susan Kendall Newman) e o revoltado Tony (Bobby Di Cicco),
dois jovens dissonantes que não gostam dos Beatles, seguem rumo à Nova York.
Outros personagens, mais a frente, se somam à
eles: O algo esquisitão Richard (Eddie Deezen, de “1941-Uma Guerra Muito Louca”),
funcionário do hotel que aquartelou-se clandestinamente num dos apartamentos
vagos para poder organizar um meio de encontrar seus ídolos, e o garotinho
Peter (Christian Juttner), cujo corte de cabelo aos moldes do grupo –comprido
para os padrões conservadores de então –é fonte de desgosto para seu pai (Read
Morgan) que, por isso, confiscou suas entradas para o cobiçado show.
Com muito bom humor, a narrativa de Zemeckis
explora a histeria divertida das fãs que se aglomeram em frente ao Hotel Plaza
e promovem as maiores maluquices justificadas por sua devoção: Como comprar
pedaços de lençóis supostamente usados por John, Paul, Ringo e George; gritar a
plenos pulmões por qualquer indícios das estrelas (até mesmo por um espanador
na janela, confundido com um dos cabeludos!) e tentar penetrar o cerco cerrado
da polícia feito ao redor do hotel.
É claro que as protagonistas fazem exatamente
isso; e o filme acompanha as idas e vindas farsescas delas, às voltas com as
facetas ridículas e absurdas de sua adoração –e Zemeckis, diga-se, vale-se
dessa premissa orbital em torno das figuras icônicas da música para brincar com
sua presença (ou ausência) o tempo todo; John, Paul, Ringo e George (que,
sensatamente não são interpretados por sósias escalados) aparecem em cenas
documentais espertamente conectadas à narrativa, ou em elipses que indicam que
eles estão ali –personificados, quando muito, por dublês –mas, nunca deixam de
conceber ao quarteto de Liverpool uma aura mística. Uma sinergia que, em parte,
reflete a graciosidade com a qual Zemeckis promove o desfile de figuras
históricas americanas em “Forrest Gump”.
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