Em 1987, quando foi realizado o quarto e último filme do Superman interpretado por Christopher Reeve, as circunstâncias eram bem diferentes daquelas que cercaram o primeiro filme, capitaneado por Richard Donner. Desiludidos com o desempenho de público e crítica obtido com o irregular “Superman 3”, os produtores Alexander e Ilya Salkind venderam os direitos autorais do personagem para cinema aos produtores Menahem Golan e Yoram Globus.
Á frente da picareta Cannon Films –que, ao
longo de toda década de 1980, popularizou os filmes caça-níqueis de ação
pauleira estrelados por Chuck Norris e Jean Claude Van Damme –Golan e Globus
não tardaram a garantir para seu novo filme as presenças de Reeve
(Superman/Clark Kent em pessoa) e Gene Hackman (Lex Luthor), deixando a direção
a cargo de um de seus operários-padrões, Sidney J. Furie, que havia contentado
bastante seus empregadores fazendo muito com pouco orçamento na produção “Águia
de Aço” –um primo pobre de “Top Gun”. Em outras palavras, o novo filme de
Superman era um filme B com todas as letras, conduzido por um diretor moldado
nessa orientação, dono de um orçamento irrisório e –consequência de tudo isso
–resultou numa obra mambembe, oscilante entre a pretensão comercial e a
auto-paródia involuntária.
Rumores indicavam o descontentamento imediato
de Christopher Reeve já nas primeiras semanas de filmagem –consta que Golan e
Globus conseguiram fisgá-lo para voltar ao papel protagonista prometendo a ele
a direção da segunda unidade, além de uma participação determinante na
construção do roteiro.
De fato, em sua trama, “Superman 4” apela para
um viés político e pacifista que procura disfarçar a pobreza compulsiva de sua
realização.
Herói magnânimo dos EUA e do mundo, Superman
deixa de lado os percalços mais intimistas dos filmes anteriores para abraçar a
figura que ele representa em larga escala: Inspirado pela carta de um
garotinho, ele decide aderir ao movimento (real) de desarmamento nuclear de
então e tenta abolir as ogivas atômicas em todo o mundo.
Talvez inspirado por isso, seu arqui inimigo,
Lex Luthor, agora acompanhado de seu sobrinho à tiracolo (Jon Cryer, de “A
Garota de Rosa Shocking” e da série “Two And A Half Men”, cujo personagem
substitui, muito mal e porcamente, o Ottis de Ned Beatty), vale-se do DNA do
Superman e, num plano maquiavélico, cria uma duplicata radioativa do Homem de
Aço (vivido pelo brutamontes inexpressivo Mark Pillow).
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