Outrora um crítico de cinema, Rob Lurie estreou na direção com dois trabalhos indicativos de sua imensa atenção para com as orientações a definir uma narrativa. Se em “A Conspiração”, seu primeiro filme, as engrenagens denunciavam sua compreensão das convulsões do drama em conflito constante com as motivações –e ele soube empregar isso numa trama de incisivas observações políticas –em sua segunda empreitada, este “A Última Fortaleza”, sua habilidade foi usada na busca por uma expressão ainda mais pulsante e vigorosa de cinema. Uma conjugação brutal e masculina de suspense e ação.
Aqui, tudo se passa dentro de uma penitenciária
militar –e a introdução de seu protagonista se dá homenageando, de cara, o que
o diretor Lurie não nega ser o melhor filme de cadeia do cinema, o primordial
“Um Sonho de Liberdade”: Na cena em questão, um ônibus chega à prisão (o
cenário predominante de toda a trama) trazendo seu personagem principal, e a
câmera acompanha sua chegada num arrojado ângulo em travelling. Se em “Um Sonho de Liberdade” essa sequência notável
serve de senha para todo o filme fascinante que virá dali para frente, aqui, em
“A Última Fortaleza” –realizada com um pouco menos de inspiração –a mesma
sequência serve para qualificar e justificar a cinematografia que Rob Lurie
usará no restante da produção, na qual o registro empolgante e visceral da ação
terá por objetivo impedir que o cenário restritivo do filme engesse seu ritmo.
Interpretado pelo veterano Robert Redford (que,
vez ou outra, consegue surpreender em algum filme), o Tenente-General Eugene
Irwin chega à Prisão Estadual do Tennessee sob a sombra de sua fama: Ele foi um
oficial do exército americano de tal forma lendário e condecorado que desfruta
de admiração até mesmo da parte do diretor da penitenciária onde vai parar, o
Coronel Winter (James Gandolfini).
Entretanto, Winter é instável, irascível e, na
opinião de Irwin, um comandante relapso –o choque entre esses dois antagonistas
é inevitável e, na narrativa cheia de urgência e tensão da qual o diretor Lurie
se esbalda, sua intensidade vai num crescendo insuportável de sentenças e
punições.
O diretor da prisão tortura seu novo
encarcerado na mesma medida em que sua liderança entre os detentos vai
aumentando. Os prisioneiros –todos soldados que cometeram alguma infração no
código militar, como o próprio Irwin –estão proibidos de se portar como os
militares que outrora foram; não podem, por exemplo, prestar continências.
A partir daí, e da intenção de todos em manter
sua dignidade, esse crescendo de tensão entre os objetivos conflitantes dos
guardas de Winter (conter a carceragem) e os prisioneiros liderados por Irwin
(assumir o controle da prisão), o filme de Lurie caminha de forma implacável
para a espetacular sequência de rebelião que ocupa seu terço final.
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