segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Vencedores do Globo de Ouro 2022


 A cultura do cancelamento chegou às premiações do cinema. Desde que indícios de um desempenho reprovável foram surgindo –suspeitas de assédio por parte de membros da Imprensa Estrangeira; uma insistência em não agregar representatividade, ignorando grandes obras realizadas por integrantes da comunidade negra, aliás, a descoberta de que a própria Imprensa Estrangeira não traz nenhum negro entre seus membros; e até mesmo relatos de suborno para privilegiar esta ou aquela produção –muitos foram os integrantes de Hollywood que declararam abertamente seu descontentamento com o Globo de Ouro. Tamanha foi essa celeuma que a cerimônia deste ano não teve qualquer transmissão pela TV (os canais se recusaram a veiculá-la) e aparentemente não contou com a presença dos astros cinematográficos e televisivos de praxe.

O que muda? Provavelmente a percepção de que os vencedores nas categorias de cinema sinalizam qualquer predileção no restante da temporada. Os efeitos desse puxão de orelha devem ser assimilados neste ano por vir e, com as devidas precauções tomadas, o Globo de Ouro e a Imprensa Estrangeira devem voltar aos trilhos da normalidade, restaurando algo de sua relevância e as transmissões via TV.

Melhor Filme Dramático

“Ataque dos Cães”

Melhor Filme Cômico ou Musical

“Amor Sublime Amor”

 Melhor Ator – Drama

Will Smith por “King Richard”

 Melhor Atriz – Drama

Nicole Kidman por “Being The Ricardos”

 Houve quem torceu o nariz para a vitória de Will Smith como melhor ator dramático; o consolo para esses descontentes é que muito provavelmente esse seja um dos favoritismos que não se cumprirá. O mesmo parece ser o caso de Nicole Kidman, que ganhou como melhor atriz dramática por um filme que tende a se dispersar na lembrança dos críticos em premiações futuras, sobretudo, porque é o que costuma acontecer com filmes assinados por Aaaron Sorkin. A dúvida é se “Ataque dos Cães” tem, de fato, a força que demonstrou ou isso foi apenas ocasional. Da mesma forma, Jane Campion conquistou o troféu de direção (fazendo com que, pela primeira vez na história, duas mulheres vencessem o prêmio consecutivamente!) deixando para trás o trabalho tão enaltecido de Steven Spielberg. “Amor Sublime Amor”, contudo, conquistou o Globo de Ouro de Filme Cômico ou Musical, na mais disputada das categorias –todas essas obras terminam praticamente garantindo suas vagas no Oscar.

Melhor Diretor

Jane Campion por “Ataque dos Cães”

Melhor Roteiro 

Kenneth Brannagh por “Belfast”
Melhor Atriz – Musical ou Comédia

Rachel Zegler por “Amor Sublime Amor”

Melhor Ator – Musical ou Comédia

Andrew Garfield por “Tick, Tick... Boom!”

Melhor Ator Coadjuvante 

Kodi Smit-McPhee por “Ataque dos Cães”

Melhor Atriz Coadjuvante

Ariana DeBose por “Amor Sublime Amor”

Apesar do prestígio com que adentrou a temporada, “Belfast” teve de contentar-se com o prêmio de melhor roteiro –o que não deixa de ser um reconhecimento mesmo assim; suas chances no Oscar permanecem, visto o apreço que a Academia nutre por obras auto-biográficas. Na categoria de melhor atriz de comédia ou musical, Rachel Zegler trouxe mais um troféu para “Amor Sublime Amor” fazendo dobradinha com sua coadjuvante, Ariana DeBose; dentre as duas, a segunda é a que goza de um maior embasamento da crítica. Por fim, Andrew Garfield teve seu belo trabalho reconhecido num ano em que também marcou presença no grande blockbuster da temporada, “Homem-Aranha Sem Volta Para Casa”.

Melhor Animação

“Encanto”

Melhor Filme em Língua Estrangeira

“Drive My Car” (Japão)
A categoria de Melhor Filme Estrangeiro reconheceu um dos filmes mais elogiados dos últimos meses, embora essa postura também não represente uma continuidade nos demais prêmios, o mesmo não pode ser dito sobre a Melhor Animação, na qual entre favoritos confirmados e esnobados, os Estúdios Disney tornaram a prevalecer.

Melhor Canção Original

No Time To Die, de “007-Sem Tempo Para Morrer”

 Melhor Trilha Sonora Original

Hans Zimmer por “Duna”

O único prêmio conferido à “Duna” terminou sendo o de Melhor Trilha Sonora –algo emblemático, visto que o compositor Hans Zimmer é um fã declarado do livro e afirmou ter feito dessa partitura a mais pessoal de sua carreira –entretanto, já é dito e antecipado que suas chances no Oscar (e talvez até em outras premiações) haverão de ser maiores. A melhor canção acabou com o último filme “007”, interpretada por Billie Eilish, no que parece ter se tornado uma tradição nas obras de james Bond estreladas por Daniel Craig, ganhar os prêmios de melhor músicas; algo que, diga-se, até então, nenhum filme de James Bond havia feito!

As próximas semanas trarão o Bafta, os Prêmios dos Sindicatos e, por fim, o Oscar –esses, prêmios que usufruem de mais prestígio (por enquanto...) do que o Globo de Ouro, e então teremos um desenho mais nítido das tendências e dos favoritismos da temporada de prêmios. Vamos aguardar.

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