A cultura do cancelamento chegou às premiações do cinema. Desde que indícios de um desempenho reprovável foram surgindo –suspeitas de assédio por parte de membros da Imprensa Estrangeira; uma insistência em não agregar representatividade, ignorando grandes obras realizadas por integrantes da comunidade negra, aliás, a descoberta de que a própria Imprensa Estrangeira não traz nenhum negro entre seus membros; e até mesmo relatos de suborno para privilegiar esta ou aquela produção –muitos foram os integrantes de Hollywood que declararam abertamente seu descontentamento com o Globo de Ouro. Tamanha foi essa celeuma que a cerimônia deste ano não teve qualquer transmissão pela TV (os canais se recusaram a veiculá-la) e aparentemente não contou com a presença dos astros cinematográficos e televisivos de praxe.
O que muda? Provavelmente a percepção de que os
vencedores nas categorias de cinema sinalizam qualquer predileção no restante
da temporada. Os efeitos desse puxão de orelha devem ser assimilados neste ano
por vir e, com as devidas precauções tomadas, o Globo de Ouro e a Imprensa
Estrangeira devem voltar aos trilhos da normalidade, restaurando algo de sua
relevância e as transmissões via TV.
Melhor Filme Dramático
“Ataque dos Cães”
Melhor Filme Cômico ou Musical
“Amor Sublime Amor”
Melhor Ator – Drama
Will Smith por “King
Richard”
Melhor Atriz – Drama
Nicole Kidman por “Being
The Ricardos”
Houve quem torceu o nariz para a vitória de
Will Smith como melhor ator dramático; o consolo para esses descontentes é que
muito provavelmente esse seja um dos favoritismos que não se cumprirá. O mesmo
parece ser o caso de Nicole Kidman, que ganhou como melhor atriz dramática por
um filme que tende a se dispersar na lembrança dos críticos em premiações
futuras, sobretudo, porque é o que costuma acontecer com filmes assinados por
Aaaron Sorkin. A dúvida é se “Ataque dos Cães” tem, de fato, a força que
demonstrou ou isso foi apenas ocasional. Da mesma forma, Jane Campion conquistou
o troféu de direção (fazendo com que, pela primeira vez na história, duas
mulheres vencessem o prêmio consecutivamente!) deixando para trás o trabalho
tão enaltecido de Steven Spielberg. “Amor Sublime Amor”, contudo, conquistou o
Globo de Ouro de Filme Cômico ou Musical, na mais disputada das categorias –todas
essas obras terminam praticamente garantindo suas vagas no Oscar.
Melhor Diretor
Jane Campion por “Ataque
dos Cães”
Melhor Roteiro
Kenneth Brannagh por “Belfast”
Melhor Atriz – Musical ou Comédia
Rachel Zegler por “Amor
Sublime Amor”
Melhor Ator – Musical ou Comédia
Andrew Garfield por “Tick,
Tick... Boom!”
Melhor Ator Coadjuvante
Kodi Smit-McPhee por “Ataque
dos Cães”
Melhor Atriz Coadjuvante
Ariana DeBose por “Amor
Sublime Amor”
Apesar do prestígio com que
adentrou a temporada, “Belfast” teve de contentar-se com o prêmio de melhor
roteiro –o que não deixa de ser um reconhecimento mesmo assim; suas chances no
Oscar permanecem, visto o apreço que a Academia nutre por obras
auto-biográficas. Na categoria de melhor atriz de comédia ou musical, Rachel
Zegler trouxe mais um troféu para “Amor Sublime Amor” fazendo dobradinha com
sua coadjuvante, Ariana DeBose; dentre as duas, a segunda é a que goza de um
maior embasamento da crítica. Por fim, Andrew Garfield teve seu belo trabalho
reconhecido num ano em que também marcou presença no grande blockbuster da
temporada, “Homem-Aranha Sem Volta Para Casa”.
Melhor Animação
“Encanto”
Melhor Filme em Língua Estrangeira
“Drive My Car” (Japão)
A categoria de
Melhor Filme Estrangeiro reconheceu um dos filmes mais elogiados dos últimos
meses, embora essa postura também não represente uma continuidade nos demais
prêmios, o mesmo não pode ser dito sobre a Melhor Animação, na qual entre
favoritos confirmados e esnobados, os Estúdios Disney tornaram a prevalecer.
Melhor Canção Original
No Time To Die, de “007-Sem Tempo
Para Morrer”
Melhor Trilha Sonora Original
Hans Zimmer por “Duna”
O único prêmio conferido à “Duna”
terminou sendo o de Melhor Trilha Sonora –algo emblemático, visto que o
compositor Hans Zimmer é um fã declarado do livro e afirmou ter feito dessa
partitura a mais pessoal de sua carreira –entretanto, já é dito e antecipado
que suas chances no Oscar (e talvez até em outras premiações) haverão de ser
maiores. A melhor canção acabou com o último filme “007”, interpretada por
Billie Eilish, no que parece ter se tornado uma tradição nas obras de james
Bond estreladas por Daniel Craig, ganhar os prêmios de melhor músicas; algo
que, diga-se, até então, nenhum filme de James Bond havia feito!
Nenhum comentário:
Postar um comentário