Entre uma obscuridade quase cult e o esquecimento completo, a comédia romântica “Poção do Amor Nº 9”, de 1992, foi um dos primeiros filmes a contar com a presença de Sandra Bullock, bem antes dela se tornar famosa. Como toca neste tipo de situação, ela é, aqui, mais coadjuvante do que protagonista ainda que, como acontece em muitos casos, sua presença não demore à gradativamente começar a se destacar.
O protagonista de fato deste filme, escrito e
dirigido por Dale Launer (ele escreveu e produziu a comédia “Meu Primo Vinny”),
é Paul Matthews, interpretado por Tate Donovan (que, em algum momento antes,
durante ou depois das filmagens, namorou Sandra). Paul é o típico romântico dos
anos 1980, é sensível e consciente até demais da própria insignificância –essa
baixa auto-estima não lhe deixa ter sucesso com as mulheres; na verdade, as
rejeições que Paul coleciona, nas suas frustrantes saídas noturnas, são
vexaminosas! No desespero absoluto para com essa falta de sorte com o sexo
oposto, Paul busca um auxílio místico: A exótica cigana Madame Ruth (a veterana
Anne Bancroft) que lhe entrega um produto com a promessa de mudar tudo: Uma
poção do amor!
Contudo, Paul é um bioquímico competente e suas
pesquisas, ao lado da amiga e colega Diane Farrow (Sandra, numa personagem
inicialmente desengonçada e feia, mas que vai se tornando absurdamente linda
com o avanço da trama), também ela sofrendo de baixa auto-estima e desejosa de
encontrar a alma gêmea, visam descobrir de onde provem o verdadeiro efeito
milagroso da poção e, se possível, analisá-lo! Assim, os dois descobrem que a fórmula
funciona a partir de feromônios poderosos que interagem na natureza –como os
hormônios naturalmente exalados pelas fêmeas dos chimpanzés, que deixam os
machos da espécie simplesmente loucos por elas! –que o tal efeito (que se dá
curiosamente por meio do som da voz) dura cerca de quatro horas, restando assim
o teste em... humanos!
Após muita persistência da parte dos dois, eles
desenvolvem uma versão spray da poção
do amor (que, segundo a cigana, vem a ser o composto de nº 8), bastando borrifá-lo
na própria boca para que sua voz, quando ouvida, tenha o efeito desejado nas
pessoas que almejam seduzir. E, de fato, Paul se torna um conquistador
implacável –não há mulher que consiga lhe dizer não! –e Diane não tarda a
fisgar um belo partido, primeiro, um milionário italiano (interpretado por
Adrian Paul que, poucos anos depois, faria a série televisiva inspirada em “Highlander-O Guerreiro Imortal”), e logo depois, ninguém mais ninguém menos do que o próprio
príncipe da Inglaterra (!) vivido pelo ator Dylan Baker (de “Treze Dias Que Abalaram O Mundo”).
Apesar disso, ambos (Paul e Diane) acabam se
apaixonando pelas únicas pessoas nas quais não testaram realmente a poção: Um
pelo outro –é particularmente encantadora a cena em que a personagem de Sandra
vai buscar Paul que está preso em uma delegacia e, ainda com a poção fazendo
efeito, evita de falar com ele usando a voz e tenta se comunicar por meio de
pantomina (ali já estão todos os elementos que viriam a fazer dela,
inevitavelmente, uma estrela).
Contudo, Diane acaba, ainda assim, marcando
casamento com outro cara, o metido a playboy Gary (Dale Midkiff, de “Cemitério
Maldito”). Para Paul não há outra explicação: Somente o uso inescrupuloso da
poção do amor por parte de Gary haveria de fazer Diane comportar-se de tal
maneira e, ao pedir auxílio à cigana, ela lhe concede o único exilir capaz de
colocar toda essa confusão em ordem novamente: A poção do amor nº 9.
Nenhum comentário:
Postar um comentário