sábado, 17 de agosto de 2024

Manual de Assassinato Para Boas Garotas - 1ª Temporada


 A jovem atriz Emma Myers chegou a fazer testes para interpretar a “Wandinha” no seriado da Netflix, entretanto, como todo mundo bem sabe, quem ganhou o papel foi Jenna Ortega, contudo, Emma Myers havia se saído tão bem que foi oferecido a ela o papel de Enid, a melhor amiga de Wandinha, papel este que a revelou. Agora, nesta nova produção da Netflix, Emma encara uma protagonista que até chega a lembrar bastante a personagem de Wandinha. Assim como naquela outra série, esta daqui parte de um enredo investigativo, fazendo da premissa central da série uma espécie de obsessão para a personagem do início ao fim.

Adaptado do livro de Holly Jackson, “Manual de Assassinato Para Boas Garotas” parece uma ideia extraída da série “Arquivo Morto” (onde crimes sem solução eram retomados anos depois de acontecidos) num viés adolescente, muito condizente com a categoria Young Adults à qual o livro pertence.

A cidade britânica onde mora a jovem Pip Fitz-Amobi (Emma Myers) foi abalada, cinco anos antes, pelo desaparecimento da jovem Andie Bell (India Lillie Davis) –vemos uma cena, no prólogo, onde ela desaparece na escuridão, vitimada por um terrível ferimento na cabeça; tudo isso, já indicando que viva, certamente ela não está! O problema é que o maior suspeito de tal crime, o namorado indiano de Andie, Sal Singh (Rahul Pattni), suicidou-se, confirmando, na opinião de muitos, sua culpa no assassinato da jovem. Entretanto, Pip não acredita nisso. Uma insistente lembrança de infância –onde viu, na véspera da tragédia, os dois num contratempo comum de amor jovem –leva Pip a crer que Sal pode ser inocente. E se Sal é inocente, deduz seu raciocínio prontamente lógico, então o verdadeiro culpado ainda está à solta, em algum lugar.

É assim que Pip faz planos de transformar a retomada desse caso em uma espécie de tese para seu vindouro vestibular, o problema é que, na provinciana cidadezinha onde ela e sua família moram, sair fazendo perguntas sobre um homicídio tão relativamente recente significa despertar todas as feridas que ele outrora suscitou –especialmente entre os jovens que compunham o círculo de amizade do casal envolvido, alguns dos quais fazem parte da família de amigas muito próximas de Pip. Para tanto, ela conta com o auxílio de Ravi (Zain Iqbal), o irmão mais novo de Sal cuja família, desde então, jamais conseguiu superar o trauma dos acontecimentos; não só Ravi vive à sombra da memória do irmão mais velho suicida, como seus pais são mal vistos pela comunidade.

Ao longo de sua investigação, à qual não faltam repreensões, ressentimentos e reprovações vindas do todo o lado (além, claro, da inevitável e misteriosa ameaça do verdadeiro culpado, seja quem for), Pip vai descortinando uma trama muito mais intrincada do que poderia inicialmente imaginar, envolvendo festas ilegais promovidas quase como verdadeiras sociedades secretas (!), tráfico de entorpecentes e pedofilia.

Dando uma de Sherlock Holmes, e mostrando –ao longo dos oscilantes seis episódios que compõem a trama –uma capacidade investigativa e dedutiva que somente a ficção é capaz de atrelar a uma adolescente, Pip se impõe até que bem como protagonista, em grande parte graças à desenvoltura já comprovada de Emma Myers, ainda que aqui ela prove que é mais fácil sobressair-se com talento e carisma vivendo uma coadjuvante do que uma protagonista.

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