domingo, 26 de julho de 2015

Dois Lados do Amor

Eis um bem vindo filme incomum no aborrecido circuito comercial.
A história da gênese deste projeto é, ela própria incomum, e merece ser contada para uma melhor compreensão do filme que dali se originou.
Notável e promissor realizador de curta-metragens, o roteirista e diretor Ned Benson concebeu uma história de amor dividida em dois pontos de vista, que esmiuçava assim, não somente os detalhes pertinentes a uma trama de romance, mas também as percepções distintas de cada uma das partes. A importância de determinados personagens para um, em detrimento do pouco significado que eles têm para o outro. Ou mesmo a distinção até extrema com que cada pessoa enxerga o mesmo fato. E tão rica essa história era que exigia, assim, uma divisão.
 Dessa forma, nasceram dois filmes com o mesmo título (The Disappearance of Eleanor Rigby ), que o circuito alternativo dos festivais de cinema independente receberam como sendo "His" e "Her", ou seja, "Ele" e "Ela". Assim, a experiência como um todo resultava em assistir dois filmes de uma hora e meia de duração cada um.
Mas, e ao ser lançado em cinemas, ou locadoras (como foi unicamente o caso, aqui no Brasil)?
Bem, para isso foi criada uma versão "They", isto é: "Eles", uma junção de ambas as versões, que é o que será resenhado aqui.
Sabendo de antemão desse formato prévio com que foi planejado, é até interessante acompanhar o filme (que não se enganem, é fascinante por si só!): percebe-se a dicotomia de certas cenas que teriam um tratamento numa e em outra versão.
O resultado é um filme de pouco mais de duas horas. Uma história de amor, que não é sobre o amor, mas sobre os trágicos percalços que o amor tem que superar, quando as coisas dão muito errado.
Jessica Chastain, particularmente, está sensacional na interpretação intimista que entrega: ela é um tanto quanto melhor que seu parceiro, o esforçado James McAvoy, e muito melhor que boa parte do elenco de apoio (que tem muita gente boa, como Willian Hurt, Isabelle Hupert, Viola Davis e Bill Hader, é importante dizer!).
O final do filme é um caso quase à parte. Daqueles em que um grupinho reunido fica mais tempo falando dos três minutos daquela última cena do que do resto do filme inteiro. Como alguns dos mais instigantes trabalhos do cinema, este é um caso em que tudo está aberto à interpretações.
O quê não deixa de ser sensacional!

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